A Igreja na RDC convida a intensificar as orações pela paz no leste do País
Stanislas Kambashi, SJ – Cidade do Vaticano
Há vários dias que a região oriental da República Democrática do Congo (RDC) é palco de intensos combates entre o exército congolês e o grupo armado M23. Os combates concentram-se em torno de Goma, a capital da província de Kivu do Norte. Em Kinshasa, como em várias outras cidades do País, foram organizadas manifestações para denunciar "uma guerra imposta e um genocídio que passa despercebido".
Por seu lado, a Igreja da RDC convida a intensificar as orações pela paz na região. Num comunicado de imprensa assinado a 16 de fevereiro de 2024, Dom Marcel Utembi Tapa, Arcebispo de Kisangani e Presidente da Conferência Episcopal Nacional do Congo (CENCO), sugeriu especificamente que, a partir de 18 de fevereiro de 2024, primeiro domingo da Quaresma, fosse feita uma oração especial pela paz no fim de cada Missa.
Rezar pelo fim da insegurança que já ceifou milhões de vidas
A oração proposta para este efeito sublinha que a insegurança nesta região, que dura há várias décadas, causou milhões de mortos, e que outros "compatriotas continuam a morrer". "Nós te confiamos os nossos irmãos e irmãs congoleses, perturbados há várias décadas pela insegurança que causou milhões de mortos, sobretudo no leste do nosso país. Tentámos muitas vezes e durante muitos anos resolver os nossos conflitos através das nossas próprias forças. Mas, infelizmente, os nossos esforços foram em vão: o conflito continua, os nossos compatriotas continuam a morrer. Senhor, dirigimo-nos a ti para implorar a tua paz", lê-se na oração proposta pela CENCO.
Uma Missa pela paz em cada Diocese
Para além da ação deste domingo, cada Bispo é convidado a encontrar um dia para organizar uma Missa pela paz na sua diocese, "para implorar a paz no País e particularmente no Leste".
Neste contexto, o Arcebispo de Kinshasa, Cardeal Fridolin Ambongo, convida as pessoas a participarem na Missa que irá celebrar no sábado, 24 de fevereiro, na Catedral de Nossa Senhora do Congo. O comunicado de imprensa da arquidiocese de Kinshasa recorda que "os conflitos armados na RDC, que causaram milhões de mortos e de deslocados, duram há três décadas e continuam a mergulhar as nossas populações no luto". A nota recorda igualmente que a CENCO denunciou repetidamente esta situação e propôs várias formas de resolver estes conflitos.
Malfeitores apoiados por Países estrangeiros
Há mais de trinta anos que a região oriental da RDC é vítima de vários ataques armados, entre os quais o do grupo armado M23, apoiado pelo Ruanda, segundo os relatórios de peritos da ONU. Os combates intensificaram-se nos últimos dias, em particular em Sake, uma cidade situada a cerca de vinte quilómetros a oeste de Goma, considerada uma "fechadura" na estrada para a capital da província de Kivu do Norte. Desde a semana passada, registaram-se manifestações contra a Monusco, a missão da ONU na RDC, e as embaixadas em Kinshasa e Lubumbashi (sudeste), acusadas de apoiar o Ruanda. Os estudantes do Kivu do Norte também denunciaram "uma guerra imposta". No sábado, 17 de fevereiro, o exército congolês acusou o Ruanda de ter utilizado "drones" para atacar o aeroporto de Goma, danificando "aviões civis".
Fazendo fronteira com o Ruanda, Goma está agora praticamente isolada de todos os acessos terrestres ao interior da RDC, a norte e a oeste. A cidade alberga mais de um milhão de pessoas, a que se juntam várias centenas de milhares de deslocados que foram obrigados a abandonar as suas casas devido aos combates. A RDC acusa o Ruanda e os seus "apoiantes" do M23 de estarem a tentar deitar a mão aos minerais do leste do Congo. O M23, por seu lado, alega estar a defender uma parte ameaçada da população e apela a negociações, que Kinshasa recusa, excluindo conversações com "terroristas". À margem da cimeira da União Africana (UA) que se realizou este fim de semana em Adis Abeba, na Etiópia, o Presidente angolano João Lourenço, mediador da UA, reuniu vários Chefes de Estado africanos para discutir a situação no Leste da RDC. Em particular, encontrou-se separadamente com os presidentes da RDC, Félix Tshisekedi, e do Ruanda, Paul Kagame.
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