Uma comunidade alegre, aberta, sedenta de acompanhamento espiritual
Dulce Araújo e Sãozinha Fortes Vaz - Vatican News
Sacerdote há quatro anos e há dois a estudar em Roma, o P. José Cabral é, desde o Ano Pastoral 2023/24, Capelão da Comunidade cabo-verdiana em Roma. Esta capelania, fruto do esforço conjunto dos Bispos de Cabo Verde e da Diocese de Roma, tornou-se oficial por volta de 2010, mas a Comunidade já vinha sendo acompanhada, desde há décadas, por sacerdotes cabo-verdianos de passagem por Roma para estudos universitários.
Dando continuidade ao trabalho pastoral dos seus predecessores, o P. José Cabral afirma, em entrevista à Rádio Vaticano, não ter imposto nenhuma linha pastoral nova, mas ter ido ao encontro da “sede de acompanhamento espiritual” e do caminho cristão que esta Comunidade “alegre, acolhedora, aberta” quer fazer, ajudando-a a organizar-se.
Ano Pastoral rico e intenso
O Ano Pastoral foi muito rico e teve dinâmicas interessantes: coincidiu com o jubileu dos 50 anos da criação do Centro Tra-Noi Nossa Senhora do Rosário, espaço de encontro socio-espiritual da Comunidade em Roma, e para além dos momentos que de per si ditam a linha de orientação pastoral (Natal, Páscoa e solenidades mais ligadas à comunidade) surgiram outras atividades, seja de carater religioso, seja sociopolítico. Tudo foi sempre acolhido e enfrentado - sublinha - no espírito do “eis-me aqui Senhor”. Aliás, se há uma marca que o P. José Cabral quer deixar à sua capelania é a de contribuir para uma pastoral de acolhimento e corresponsabilidade, em que todos se assumam como cristãos, todos se sintam em casa; enfim, uma Comunidade que saiba ser missionária de si mesma e chamar a si todos os seus membros, não obstante as feridas. No fundo, o maior desejo do P. José Cabral é levar as pessoas a viver os sacramentos e a ir “ao encontro com Cristo”, pois é isto que muda realmente a vida - afirma.
Comunidade respondeu positivamente
A toda essa dinâmica, a Comunidade respondeu positivamente - revela satisfeito, o Capelão, seguro de que as pessoas já perceberam a necessidade de “como cristãos assumirem a sua responsabilidade”. E é isto que tornou mais leve a sua tarefa de Capelão e permitiu conciliá-la, de forma equilibrada, com a dos estudos para a obtenção da Licenciatura, no próximo ano, na Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Medo e esperança
2025 será, de facto, um ano intenso que o P. José Cabral está a encarar com “medo”, mas também com “esperança”. Medo porque à Comunidade em Roma, foi pedido para organizar, em outubro, o encerramento do Jubileu dos Jovens que a Igreja em Cabo Verde está a viver no âmbito da Década da caminhada jubilar em direção ao Jubileu de 2033, data alusiva aos 500 anos da Igreja no arquipélago. Tudo isto se entrelaça também com o Jubileu da Igreja Católica de 2025, de modo particular com a fase sobre os migrantes.
Jovens, um desafio
Os jovens constituem um grande desafio. O Capelão diz não ter ainda um quadro claro da sua presença na comunidade, mas com o auxílio desta, está confiante de que será possível organizar um belo encontro jubilar sobre eles e com eles. A esperança que contrapõe ao medo vem-lhe, no fundo, da força que vê na comunidade.
E está também esperançoso de que se encontrará uma solução para a impossibilidade, desde abril passado, de a Comunidade utilizar o salão do Centro Tra-Noi Nossa Senhora do Rosário que, através do Movimento Tra-Noi, a Congregação de Santa Francisca Cabrini lhe proporcionava desde há décadas. “Juntamente com a Diocese de Roma, está-se a procurar encontrar uma alternativa” - explica ainda o sacerdote na entrevista em que sublinha também o esforço de proximidade pastoral a outras comunidades cabo-verdianas mesmo pertencentes a outras Dioceses, como a de Campoleone e Aprília, cerca de 40 km a sul de Roma.
Caminhar para o encontro com Cristo
E a concluir a entrevista, não faltaram palavras de agradecimento à Comunidade em que destaca, com alegria, a presença das irmãs da “Fraternidade Rainha dos Corações”, que, diz, garantem a transição dos sacerdotes e a estabilidade da dinâmica pastoral. E remata convidando a caminharmos para o encontro com Cristo.
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