“Nigéria sentada numa bomba-relógio”, afirma o Presidente da Conferência Episcopal
Cidade do Vaticano
Referindo-se aos recentes protestos dos jovens contra a política económica do Presidente Bola Tinubu, o Bispo Ugorji disse que espera mais manifestações se não forem tomadas medidas para satisfazer as suas exigências. “Enquanto a nação for atormentada pela pobreza, sofrimento e corrupção, e enquanto o futuro dos jovens na nossa nação permanecer sombrio, continuaremos a ter protestos” – ressaltou o prelado.
Apelo ao Presidente Tinubu para que reveja as políticas económicas
O presidente da Conferência Episcopal nigeriana criticou depois a reação do Governo Federal e, em particular, de “alguns funcionários do governo que, em vez de resolverem o problema, estão ocupados a descarregar as responsabilidades a outros e a procurar um bode expiatório”. “Estamos de facto sentados em cima de uma bomba-relógio, uma vez que os agentes de segurança procuram reprimir os participantes nos protestos e os seus apoiantes com acusações forjadas”, alertou Dom Ugorji. “Isto suscita a preocupação de que estão a tentar privar os cidadãos dos seus direitos e liberdades democráticas de protestar ou de dar a impressão de que tudo está bem no País e que não havia realmente necessidade de protestar. Isto é ilusório e condenável”. O Bispo apelou ainda ao Presidente Tinubu para que reveja as suas políticas económicas, sublinhando que os nigerianos estão a sofrer por causa delas.
Reação brutal da polícia causou pelo menos 20 mortos
O movimento de protesto #EndBadGovernance (“acabem com a má governação”) tinha proclamado 10 dias de manifestações e greves em toda a Nigéria, de 1 a 10 de agosto. Os protestos degeneraram em violência devido à infiltração de elementos delinquentes entre os manifestantes pacíficos e à reação brutal da polícia, que causou a morte de pelo menos vinte pessoas e a detenção de mais de mil manifestantes. A maior violência registou-se nos estados do Norte. Em Kano, onde cerca de 873 suspeitos foram detidos pela polícia, bandidos disfarçados de manifestantes atacaram e vandalizaram gabinetes governamentais e saquearam propriedade privada. Alguns deles foram também apanhados a agitar bandeiras russas enquanto pediam a instauração de um governo militar na Nigéria. Esta é uma clara referência às juntas militares golpistas próximas de Moscovo que tomaram posse no Mali, Burkina Faso e Níger.
Previstos novos protestos para outubro
Segundo a imprensa nigeriana, estão previstos novos protestos para outubro. As reivindicações dos líderes do #EndBadGovernance não se limitam a exigir a restauração dos subsídios aos combustíveis, bem como a abordar e resolver o aumento exponencial dos preços dos bens de primeira necessidade. As reivindicações incluem um salário mínimo para os trabalhadores, reformas da polícia, vista como corrupta e violenta, e do sistema judicial, visto como injusto e corrupto – com a agência Fides.
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