Dom Lucius Iwejuru Ugorji, Arcebispo de Owerri e Presidente da Conferência Episcopal da Nigéria Dom Lucius Iwejuru Ugorji, Arcebispo de Owerri e Presidente da Conferência Episcopal da Nigéria 

“Nigéria sentada numa bomba-relógio”, afirma o Presidente da Conferência Episcopal

A Nigéria está sentada numa bomba-relógio” - foi o alarme lançado por Dom Lucius Ugorji, Arcebispo de Owerri, Presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Nigéria (CBCN), no seu discurso de abertura da Segunda Assembleia Plenária da Conferência, em Auchi, Estado de Edo.

Cidade do Vaticano

Referindo-se aos recentes protestos dos jovens contra a política económica do Presidente Bola Tinubu, o Bispo Ugorji disse que espera mais manifestações se não forem tomadas medidas para satisfazer as suas exigências. “Enquanto a nação for atormentada pela pobreza, sofrimento e corrupção, e enquanto o futuro dos jovens na nossa nação permanecer sombrio, continuaremos a ter protestos” – ressaltou o prelado.

Apelo ao Presidente Tinubu para que reveja as políticas económicas

O presidente da Conferência Episcopal nigeriana criticou depois a reação do Governo Federal e, em particular, de “alguns funcionários do governo que, em vez de resolverem o problema, estão ocupados a descarregar as responsabilidades a outros e a procurar um bode expiatório”. “Estamos de facto sentados em cima de uma bomba-relógio, uma vez que os agentes de segurança procuram reprimir os participantes nos protestos e os seus apoiantes com acusações forjadas”, alertou Dom Ugorji. “Isto suscita a preocupação de que estão a tentar privar os cidadãos dos seus direitos e liberdades democráticas de protestar ou de dar a impressão de que tudo está bem no País e que não havia realmente necessidade de protestar. Isto é ilusório e condenável”. O Bispo apelou ainda ao Presidente Tinubu para que reveja as suas políticas económicas, sublinhando que os nigerianos estão a sofrer por causa delas.

Reação brutal da polícia causou pelo menos 20 mortos

O movimento de protesto #EndBadGovernance (“acabem com a má governação”) tinha proclamado 10 dias de manifestações e greves em toda a Nigéria, de 1 a 10 de agosto. Os protestos degeneraram em violência devido à infiltração de elementos delinquentes entre os manifestantes pacíficos e à reação brutal da polícia, que causou a morte de pelo menos vinte pessoas e a detenção de mais de mil manifestantes. A maior violência registou-se nos estados do Norte. Em Kano, onde cerca de 873 suspeitos foram detidos pela polícia, bandidos disfarçados de manifestantes atacaram e vandalizaram gabinetes governamentais e saquearam propriedade privada. Alguns deles foram também apanhados a agitar bandeiras russas enquanto pediam a instauração de um governo militar na Nigéria. Esta é uma clara referência às juntas militares golpistas próximas de Moscovo que tomaram posse no Mali, Burkina Faso e Níger.

Previstos novos protestos para outubro

Segundo a imprensa nigeriana, estão previstos novos protestos para outubro. As reivindicações dos líderes do #EndBadGovernance não se limitam a exigir a restauração dos subsídios aos combustíveis, bem como a abordar e resolver o aumento exponencial dos preços dos bens de primeira necessidade. As reivindicações incluem um salário mínimo para os trabalhadores, reformas da polícia, vista como corrupta e violenta, e do sistema judicial, visto como injusto e corrupto – com a agência Fides.

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26 agosto 2024, 11:59