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Camarões- Prioridade à alfabetização multilingue: UNESCO apoia

Termina neste dia 10 de setembro, em Yaoundé, a Conferência Mundial e a atribuição do Prémio UNESCO relativo ao Dia Internacional de Alfabetização. Por esta ocasião, a Diretora geral, Audrey Azoulay visita os Camarões para os quais a UNESCO arrecadou 44,5 milhões de dólares para apoiar a edução bilingue naquele país da África.

Dulce Araújo - Vatican News

Na quadra do Dia Mundial da Alfabetização que se celebrou a 8 de setembro, a Diretora Geral da UNESCO, deslocou-se em visita oficial aos Camarões, país, que tem feito da educação uma prioridade. Ali, Audrey Azoulay anunciou que graças à Parceria Mundial para a Educação, a UNESCO consegui mobilizar 44,5 milhões de dólares para ajudar os Camarões a acelerar o melhoramento do seu sistema escolar. É um novo exemplo - lê-se num comunicado de imprensa da UNESCO - do empenho firme desta organização da ONU para a Educação e a Cultura, em acompanhar os seus Estados membros no acesso universal à educação.

Preparar sistema escolar para ensino multilingue

Com esse financiamento, a UNESCO e os Camarões vão trabalhar juntos na modernização dos programas escolares, dando prioridade ao ensino multilingue. A UNESCO fornecerá ao país mais de quatro milhões de manuais escolares e de guias pedagógicas. Apoiará também a formação de 15 mil professores e de 13 mil diretores de escolas, formadores e responsáveis pedagógicos. Esta reforma prioritária prevê também a distribuição de refeições escolares a crianças de famílias mais necessitadas para apoiar a sua escolarização.

Mobilização de fundos da parte da UNESCO

Esta iniciativa a favor dos Camarões vem juntar-se - refere o comunicado - a outras da UNESCO em vários países da África. Nos últimos anos, a Organização mobilizou 15,7 milhões de dólares para a educação no Burundi; 39,5 milhões para a Costa do Marfim; 10,7 milhões para o Congo e 48,2 milhões para o Chade, tudo isto no quadro da Parceria Mundial para a Educação. E tendo em conta que a União Africana dedica o ano de 2024 à educação, a UNESCO confirma assim o seu papel de parceira de primeiro plano dos Estados africanos neste domínio.

Ainda no quadro da sua deslocação aos Camarões, Audrey Azoulay visitou o Centro de Educação à Distância, de Yaoundé, criado em 2020 para assegurar a continuidade da escolarização durante o período da pandemia de COVID-19. Terminado esse período de emergência, o centro passou a difundir conteúdos educacionais em benefício de alunos que residem nas zonas mais remotas do país. Conta atualmente com cerca de 300 professores que já deram mais de 180 aulas multilingues, cobrindo todas as disciplinas do ensino secundário geral e técnico. Tudo difundido on line.

Televisão educativa da UNESCO

O Centro de Yaoundé vai ter um novo desenvolvimento este ano, acolhendo os primeiros estúdios de gravação da EDUCA-TV, o novo canal educativo da UNESCO. Difundindo 24 horas por dia e sete dias por semana, este canal televisivo proporá duas grandes categorias de programas: um de conteúdos escolares para preparar os exames e outro de conteúdos relativos à educação não formal sobre questões como a saúde pública, a proteção do ambiente ou ainda a educação aos media e à informação. Será acessível, gratuitamente, em vinte países da região.

Celebrações do Dia Internacional de Alfabetização

A Diretora da UNESCO participa também nas celebrações do Dia Internacional da Alfabetização, acolhido este ano pelos Camarões por iniciativa do chefe de Estado, Paul Biya. Ela saudou a ação do país a favor da educação multilingue, recordando que 40% das pessoas no mundo não têm acesso a uma educação na língua-mãe.

Essas celebrações foram marcadas pela entrega do Prémio Internacional de Alfabetização da UNESCO que distingue todos os anos projetos exemplares através do mundo. Os seis premiados deste ano - originários da Áustria, Egipto, Gana, Indonésia, Nigéria e Panamá - recebem uma soma de 20 a 30 mil dólares para apoiar a continuação do projeto.

A alfabetização é um dos desafios maiores no mundo de hoje: 754 milhões de pessoas com mais de 15 anos, dois terços das quais mulheres, não sabem ler, nem escrever. E três quartos das crianças de 10 anos, nos países em vias de desenvolvimento, não estão à medida de ler e compreender um texto simples. A UNESCO apela, por isso, à mobilização de todos os Estados no sentido de fazer da educação uma realidade para todas e todos.

É desde 1967, que é celebrado anualmente o Dia Internacional da Alfabetização, a 8 de setembro, no mundo inteiro, para recordar aos decisores políticos, aos adidos à educação e ao público em geral a importância fundamental da educação para uma sociedade mais instruída, justa, pacífica e durável.

Promover a educação multilingue

O tema deste ano foi “Promover a educação multilingue: a alfabetização para a compreensão mútua e a paz.”  É urgente pôr em ação o potencial transformador da alfabetização a fim de favorecer a compreensão mútua, a coesão social e a paz. No mundo atual em que o multilinguismo é uma prática corrente para muitos, tornar autónomas as pessoas através duma abordagem multilingue da alfabetização e da educação baseada na língua materna é particularmente eficaz pelas vantagens cognitivas, pedagógicas e socioeconómicas. Uma tal abordagem pode contribuir para a promoção, a compreensão e o respeito mútuo, ao mesmo tempo que reforça as identidades comunitárias e as histórias coletivas - afirma-se no referido comunicado.

O Dia Internacional da Alfabetização aborda, portanto, as questões ligadas à alfabetização nos contextos multilingues em vista de uma paz durável e estudará as soluções possíveis para melhorar as políticas, os sistemas de aprendizagem ao longo da vida, a governação, os programas e as práticas.

A celebração mundial decorre nos dias 9 e 10 de setembro 2024 em Yaoundé, em presença e on line e compreende uma conferência mundial e a cerimónia de atribuição do Prémio internacional de alfabetização, da UNESCO, assim como eventos paralelos, tais como a reunião anual da Aliança Mundial para a Alfabetização, no quadro da aprendizagem ao longo da vida, e as reuniões da Pesquisa-ação sobre as medidas de alfabetização e educação alternativa, e ainda da Rede mundial da UNESCO das cidades-aprendendo. A ocasião será também aproveitada para pôr em relevo a agenda de alfabetização nos Camarões e em África, de forma geral, no contexto do Ano da Educação, proclamado pela União Africana para 2024, e para além dessa data. 

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11 setembro 2024, 17:37