Dom Joseph Aka Kakou, bispo de Yamoussoukro, rodeado por alguns dos sacerdotes e fiéis presentes na celebração do Dia Mundial das Missões na Costa do Marfim. Dom Joseph Aka Kakou, bispo de Yamoussoukro, rodeado por alguns dos sacerdotes e fiéis presentes na celebração do Dia Mundial das Missões na Costa do Marfim. 

Costa do Marfim celebra o Dia Mundial das Missões com apelos à oração pelas missões

A Igreja universal celebrou o 98º Dia Missionário no domingo, 20 de outubro. Na Costa do Marfim, D. Joseph Aka Kakou, bispo de Yamoussoukro, na sua homilia convidou os fiéis “a sair de si mesmos e a deixar as suas casas, seguindo o exemplo de Jesus, para refletir o estilo de vida e o carácter daquele que nos chamou”.

Marcel Ariston Blé – Abidjan

Todos os últimos domingos de outubro, a Igreja celebra o Domingo das Missões. Instituído em 1926 pelo Papa Pio XI, neste dia a Igreja universal celebra a “catolicidade e a solidariedade universal”.  Na sua homilia, durante a missa solene na catedral de Sainte Jeanne d'Arc, em Katiola, D. Joseph Aka Kakou de Yamoussoukro, Presidente da Comissão Episcopal para a Evangelização dos Povos e responsável pelas Obras Missionárias Pontifícias (POM) na Costa do Marfim, recordou aos fiéis a importância do Dia Mundial das Missões, “para rezar e refletir sobre o nosso mandato missionário como Igreja”. Convidou os fiéis a recordar que são “uma raça escolhida, um povo separado para evangelizar, ou seja, para levar a mensagem de Jesus Cristo a todo o mundo”.

Sair de nós próprios e das nossas casas

Todos os anos, o Papa define um tema sobre o qual os católicos são convidados a refletir durante o Domingo das Missões. Este ano, o Sucessor de Pedro escolheu um excerto do Evangelho segundo São Mateus: “Ide e convidai todos para as bodas” (Mt 22,9). Partindo deste tema, o bispo de Yamoussoukro pediu aos fiéis para verem até que ponto estão a cumprir o seu mandato missionário. Para D. Kakou, o modo autêntico de ser missionário é, antes de mais, pôr-se a caminho, “sair de si mesmo e deixar a sua casa, seguindo o exemplo de Jesus nos Evangelhos”. A nossa vida missionária deve, portanto, refletir o estilo de vida e o carácter daquele que nos chamou, acrescentou o prelado.

Desafios contemporâneos da missão

Como em todo o lado, a dinâmica da missão foi vivida em todas as paróquias da Costa do Marfim. A paróquia de Notre-Dame des Apôtres d'Abobodoumé-Jérusalem, na diocese de Yopougon, por exemplo, acolheu o Padre Narcisse Ogou Séka, Superior Provincial da Sociedade das Missões Africanas na Costa do Marfim - Burkina Faso.

Dedicado à primeira evangelização, o instituto religioso da Sociedade das Missões Africanas (SMA) é o pioneiro da evangelização empreendida na Costa do Marfim. Falando antes do fim da missa, o Padre Séka explicou aos fiéis os desafios da missão na sua congregação em África. Entre outras coisas, citou o crescente liberalismo. “Algumas pessoas vêem o dogma religioso como uma barreira ao livre pensamento, o que pode desencorajar as pessoas de se empenharem numa reflexão espiritual mais profunda”, observou o religioso marfinense.

O Superior Maior das SMA falou também do aumento da secularização, que, na sua opinião, reduz “a influência da religião na vida quotidiana, tornando a missão um pouco mais difícil”. O Padre Séka falou também do declínio das vocações. “Os jovens não querem comprometer-se com a missão, porque não é fácil. Quando a missão e os seus desafios lhes são apresentados, vêem as dificuldades que os esperam, por isso ficam relutantes em empenhar-se”, lamentou.

Por fim, referindo-se à África contemporânea, o Padre Séka falou do desafio financeiro. Segundo ele, a missão no continente negro carece de apoio financeiro. “A primeira evangelização, como sabem, é muito cara, porque se começa numa área onde não há recursos, e como missionários africanos ou marfinenses, não temos muito apoio, e este é um dos maiores desafios que enfrentamos”, explicou o religioso SMA.

Os missionários lutam para sobreviver

Um outro religioso SMA, Padre Émile Appraboué, falou sobre as dificuldades que enfrenta no seu apostolado. O Padre Appraboué está há cerca de 4 anos em Ouaninou, na região de Bafing, no noroeste da Costa do Marfim, e trabalha numa das quatro zonas de primeira evangelização da família religiosa no país. Segundo ele, os desafios apostólicos que enfrentam estão, antes de mais, ligados às finanças. “Os meios de deslocação, as contas de eletricidade, as solicitações ... tudo isto não é fácil, sabendo que a coleta mensal muitas vezes não dá para fazer face a nenhuma destas despesas”, declarou. Esta situação tem “um impacto considerável na pastorícia (...) é preciso lutar para fazer face às despesas”, salientou, sublinhando que o faz através da criação e venda de galinhas híbridas, que ainda não produzem os resultados esperados, segundo ele.

A oração, mas também o apoio financeiro às missões

Para concluir, o Padre Narcisse Ogou Séka dirigiu uma exortação não só aos cristãos, mas também aos seus colegas missionários. Aos seus irmãos missionários, pediu que mantivessem sempre acesa a chama da esperança. Aos fiéis, crianças, jovens e adultos, por outro lado, convidou-os a tomar parte significativa na obra de salvação, através de colectas para a OPM.

O Padre Séka pediu-lhes que não abandonassem os religiosos à sua própria sorte, mas que “apadrinhassem” os missionários, que os apoiassem na oração quotidiana, que os ajudassem nas suas fraquezas, para que se pudessem concentrar na sua missão”.  O religioso da Costa do Marfim exortou também os fiéis, enquanto missionários mandatados, a levarem Cristo dentro de si e a comunicá-lo através da sua vida quotidiana.

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24 outubro 2024, 16:41