Fazer desta festa uma ocasião de renovação da fé e da comunidade
Dulce Araújo - Vatican News
Foi com a reza do terço na praça junto à Igreja do Santíssimo Redentor e Santa Francisco Cabrini, em Roma, que no domingo 13 de outubro, a Comunidade Cabo-verdiana em Roma deu início ao memento central da celebração da sua padroeira, Nossa Senhora do Rosário.
Nos quatro primeiros mistérios rezou-se pelos migrantes incluindo os de Cabo Verde espalhados pelos quatro cantos do mundo. O 5º mistério foi já na breve procissão com a imagem de Nossa Senhora a caminho da Igreja, onde ia ter lugar a celebração litúrgica, presidida por Dom Ildo Fortes.
Na sua homilia o bispo de Mindelo que se encontra em Roma para o Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, pediu orações para essa Assembleia, onde se tem recomendado Nossa Senhora como companheira de viagem, e frisou que a festa é para nos recordar que devemos ser missionários de esperança neste mundo que tanto precisa de Deus. O prelado recordou ainda aos presentes que é preciso não só fazer o bem socialmente, mas estar com Jesus, ter o olhar virado não para nós mesmos, como o homem da parábola do rico, mas para Deus, donde vem a felicidade. E exortou a fazer dessa festa uma oportunidade de renovação da fé e da vida comunitária.
Este ano a dar particular brilho à festa foi a presença do Bispo da Diocese de Kokstad (Àfrica do Sul), Dom Thulani Victor Mbuyisa que também está em Roma para o Sínodo. Depois da homilia de Dom Ildo, ele tomou a palavra, ilustrou o contexto da sociedade sul-africana, o seu povo, a sua Igreja, e disse que durante o difícil período do Apartheid tiveram duas âncoras seguras de resistência: a fé e a família. Depois da missa disse à Rádio Vaticano que se tratou duma bela experiência:
“Antes de mais, estou muito agradecido por estar aqui, e pela hospitalidade dos cabo-verdianos que vivem aqui em Itália, em Roma. Foi uma experiência maravilhosa e uma bela festa que iniciou com a reza do terço, marco desta importante festa para eles, Nossa Senhora do Rosário; demos volta ao quarteirão e essa bela experiência recordou-me algumas das nossas peregrinações na África do Sul em que rezamos o terço indo ao lugar de peregrinação. As pessoas são meigas e esta festa é expressão da sua fé, da sua cultura que, estou certo, as ajuda a ir para a frente, mesmo estando longe da terra natal. E falei-lhes da importância da família, da cultura da fé, porque são elementos fundamentais que nos ajudam a viver quando se está longe da terra. E obrigado por este convite e por me terem feito sentir em casa, desejo-lhes todas as bênçãos de Deus, por intercessão de Nossa Senhora do Rosário.”
Animada pelo coro da comunidade, a liturgia da festa de Nossa senhora do Rosário marca, de certo modo, a partida do Ano Pastoral com um olhar aos diversos sectores, refletidos, aliás, nas ofertas ao altar: rosas brancas levadas por crianças em sinal da sua pureza e inocência, livros, a simbolizar o Evangelho e os estudantes, cesto com alfaias de cozinha e avental em sinal do trabalho, um grande rosário, pela união da família, etc.
No final da missa foram também introduzidos alguns seminaristas angolanos a estudar em diversos colégios em Roma, entre os quais o Colégio Pontifício Urbano e que, em jeito de estágio, auxiliarão na pastoral na comunidade cabo-verdiana de Roma. O momento foi também de agradecimento da parte do capelão, P. José Cabral, aos diversos sacerdotes concelebrantes (de Cabo Verde e Angola) aos diversos grupos pelo empenho e contributo para o bom êxito da festa, em particular as irmãs Fraternidade Rainha dos Corações, o Movimento Tra-Noi, os juízos da festa que se consagraram, no fim, a Nossa Senhora, e outros. Maria Clara, do grupo “Acolhimento” deu à Rádio Vaticano o seu testemunho em que sublinha o grande valor que esta festa tem para a comunidade.
Não faltou a revelação do vencedor de uma rifa em favor da Fazenda Esperança em Cabo Verde, e finalmente o convívio por volta das 19 horas no jardim do complexo da casa da Irmãs de Santa Francisca Cabrini, por não estar mais disponível o salão de antes. Algo que faz falta à comunidade e por cuja solução se está a atuar e a rezar, referiu o Capelão que se mostrou satisfeito com a festa e sublinhou a relevância de se ter rezado o terço pelos migrantes no mundo.
As comemorações da Padroeira incluíram também uma celebração penitencial na sexta-feira, 11 e, no dia 12, uma conferência on line sobre “O Papel de Nossa Senhora e da Oração no contexto da emigração” que teve como oradores o P. Edson Soares, a partir de Cabo Verde, e a Irmã Sãozinha Vaz, que se encontra em França. Algo que resultou muito positivo, disse ainda o P. José Cabral à Rádio Vaticano.
Também Dom Ildo Fortes exprimiu a sua alegria por estar também este ano com a comunidade nessa ocasião tão especial.
Na comemoração participou o novo Embaixador de Cabo Verde junto do Quirinal, Dr. Estevão Tavares Vaz acompanhado de outros dois membros da Embaixada; e ainda Sheila Pires, Adida de Imprensa da Conferência Episcopal da África do Sul e Secretária do Prefeito do Dicastério para a Comunicação, Dr. Paolo Ruffini, no âmbito do Sínodo sobre a Sinodalidade.
Fotos: cortesia da Comunidade e de Sheila Pires.
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