Swearing-in ceremony of Kithure Kindiki as Kenya's deputy president

5º Simpósio Teológico anual da Conferência das Igrejas em África

A Conferência das Igrejas de Toda a África (AACC) realizou o seu 5º Simpósio Teológico anual em Nairobi, de 29 de outubro a 1 de novembro de 2024. Abordou a questão da autonomia das Igrejas e da supervisão do Estado. A ênfase foi colocada na necessidade crescente de regulamentação governamental das instituições religiosas, dada a proliferação, no continente, de teologias enganadoras e práticas religiosas prejudiciais.

Mvuato Sebastião Miezi, Vatican News (com Cisa África)

O objetivo do Simpósio foi examinar e discutir o delicado equilíbrio entre a proteção das liberdades religiosas e a garantia da segurança pública.

Sentia-se a necessidade deste Simpósio devido a uma série de incidentes ocorridos em África, onde práticas religiosas enganosas conduziram a resultados trágicos, como por exemplo, o massacre de Shakahola, no Quénia, onde morreram centenas de pessoas. Casos como este suscitam preocupações e trazem ao de cima a questão da falta de controlo por parte do Estado. Do mesmo modo, casos ocorridos no Ruanda e na Zâmbia mostraram como a exploração religiosa pode resultar em danos, perda de bens e até em mortes. Estes incidentes indicam quão urgente é examinar a forma como os regulamentos estatais podem salvaguardar o bem-estar dos fiéis sem infringir as liberdades religiosas.

No seu discurso de abertura, o Rev. Dr. Fidon Mwombeki, Secretário-Geral da AACC, sublinhou a importância de uma relação construtiva entre a Igreja e o Estado. “A religião é uma parte integrante da vida, da cultura e da sociedade, é impossível que exista fora do quadro regulador do Governo. Ao mesmo tempo, é essencial que este quadro proteja tanto os crentes como os não crentes, garantindo a harmonia e a ordem na sociedade”.

Várias questões-chave animaram os debates do Simpósio. Os participantes debateram o papel do Governo na regulamentação das Igrejas; os aspetos específicos das atividades religiosas que poderiam justificar uma supervisão e como poderiam ser geridos os potenciais conflitos entre a Igreja e o Estado. O objetivo não era minar a autonomia das instituições religiosas, mas proteger os indivíduos de práticas exploradoras que comprometem a dignidade e a segurança humanas.

O Rev. Mwombeki elogiou a participação das Igrejas membros da AACC, incluindo a Igreja Batista da Nigéria, que patrocinou muitos dos delegados. O empenhamento demonstrado por estas Igrejas, disse ele, foi “vital para fazer avançar a mudança de significado”. Aproveitou também a oportunidade para celebrar o sucesso do primeiro grupo de estudantes do Mestrado em Teologia em Estudos Ecuménicos, em Mindolo, na Zâmbia, que visa desenvolver futuros líderes preparados para enfrentar desafios teológicos e sociais complexos.

“O programa de Mestrado em Mindolo é um investimento poderoso no futuro do movimento ecuménico”, disse Mwombeki, sublinhando a dedicação da AACC em formar líderes que estejam equipados para promover transformações sociais positivas.

No final do Simpósio, foi lançado um apelo coletivo à colaboração entre a Igreja e o Estado, reconhecendo que ambas as entidades desempenham papeis essenciais na proteção dos cidadãos. Os participantes defenderam uma relação simbiótica em que nenhuma das entidades dominaria, mas sim trabalhariam em colaboração para proteger o bem-estar das pessoas e as liberdades religiosas. O Simpósio proporcionou uma base para um envolvimento contínuo nestas questões, com planos já em curso para o evento do próximo ano, que se centrará na implementação das recomendações do Simpósio.

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08 novembro 2024, 13:00