"Não devemos resignar-nos ou habituar-nos ao mal", diz bispo venezuelano
Cidade do Vaticano
“Não devemos resignar-nos ou habituar-nos ao mal que deriva das decisões erradas, da violência, da injustiça ou da falsidade. A primeira reação deve ser de rebelião interior, como sinal de saúde moral (...). E não precisa depois submeter-se, nem resignar-se, nem renunciar à qualidade de vida à qual todos nós temos direito”.
Foi o que afirmou o Arcebispo de Cumanà e presidente da Conferência Episcopal da Venezuela (Cev), Dom Rafael Padrón Sánchez, ao abrir no domingo, 7, a CIX Assembleia Plenária do episcopado, dedicando a segunda parte de seu pronunciamento à situação do país.
“O atual sofrimento do povo venezuelano é de caráter ideológico, ético-político e econômico”, sublinhou, explicando que “a raiz do sistema político que nos governa é o marxismo castrista, definido como “o socialismo do século XXI”, como nós bispos denunciamos diversas vezes em nossos documentos”.
Paradoxalmente, um regime nascido em 1992 para combater a corrupção mostra hoje ser antidemocrático e ilegítimo. Em tal conjuntura, a Igreja, transcendendo qualquer noção étnica do termo, “é também povo, quer no sentido religioso-cultural como no sentido político-social”, e “levanta a sua voz, a de seus fiéis e de seus pastores, em defesa da vida e dos direitos do próprio povo”, acrescentou Dom Padrón, que conclui seu segundo mandato à frente do episcopado venezuelano.
“Nós pastores estamos muito preocupados pela vida de nossa gente: pela sua saúde, a alimentação, os remédios, a segurança, o trabalho, a educação, mas em modo particular, a sua identidade espiritual autenticamente cristã e a consequente vida moral. Estamos feridos pela situação desumana em que vive a maior parte dos detidos, comunidades e políticos, e a nossa dor aumentou pelo fato que as autoridades penitenciárias nos impedem de visitá-los”.
“Nós bispos – acrescentou – chegamos à nossa primeira assembleia ordinária do novo ano após um Natal entre os mais tristes da história recente da Venezuela”.
“A bem da verdade, nós não trazemos tristeza, porque cada um de nós a deixou em sua mesa de cabeceira, porém de nossas visitas às paróquias e às comunidades trazemos conosco a angústia e o pedido destas pessoas para ter pão e soluções, sobretudo trazemos conosco a fé e a esperança no poder salvífico de Deus, palavras de consolação e projetos de solidariedade para o nosso povo”.
O presidente da Cev traçou um amplo panorama da situação eclesial no país e no continente.
Neste contexto, expressou a sua alegria pela iminente beatificação da Madre Carmen Rendiles, fundadora da Congregação das Servas de Jesus e pelo reconhecimento das virtudes heróicas de outro venezuelano, o jesuíta Tomás Morales Pérez.
Mas também dedicou amplo espaço à dramática situação política social e econômica vivida no país.
“Nós venezuelanos não vivemos 2017, o sofremos. Entre abril e julho tivemos mais de 130 mortos, 1.500 feridos e milhares de detidos, presos ilegalmente. Nos últimos meses aumentou e se propagou de modo sempre mais rápido o mal-estar geral no país. Alimentos e remédios não somente escasseiam, mas quando aparecem, aumentam de preço a cada dia de forma exorbitante”.
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