Declarações do presidente Trump provocaram polêmica Declarações do presidente Trump provocaram polêmica 

Igreja nos Estados Unidos deplora declarações de Donald Trump

Em reunião para discutir o pacote de lei sobre a reforma da imigração, o presidente dos Estados Unidos usou palavras depreciativas ao se referir a El Salvador, Haiti e países africanos.

Cidade do Vaticano

Continuam a repercutir negativamente as palavras do presidente Donal Trump  ao encontrar um grupo de políticos para discutir o pacote de lei sobre a reforma da imigração. Na ocasião, o mandatário falou de forma depreciativa sobre o Haiti,  El Salvador e a algumas nações africanas.

"As notícias sobre os recentes comentários depreciativos sobre países africanos e sobre o Haiti trouxeram grande preocupação. Estas supostas observações são particularmente inquietantes".

Os bispos dos Estados Unidos confiaram a James Rogers, responsável pela comunicação da Conferência Episcopal, a responsabilidade de comentar as palavras do presidente Trump na última quinta-feira.

Todos seres humanos são criados à imagem e semelhança de Deus

 

"Todos os seres humanos são criados à imagem e semelhança de Deus, e comentários que depreciam nações e povos, violam esta verdade fundamental e provocam dor. É preciso evitar uma linguagem que possa desumanizar os nossos irmãos e irmãs", diz o comunicado dos bispos, divulgado pela Agência Sir.

Os prelados deploram a coincidência do ocorrido com o debate sobre o futuro da imigração e sobre a situação de suspensão vivida pelos 800 mil jovens ligado aos programa "Daca".

Afirmações cruéis

 

"Cruéis, desprezíveis, mesquinhas". Os adjetivos usados no editorial da revista dos jesuítas estadunidenses não deixam margem de dúvida sobre a condenação das palavras de Trump.

"São terríveis e não revelam nada do que já sabemos de sua presidência. Agiu sob um impulso primitivo de denegrir as nações mais pobres e com grande número de populações não brancas, confirmando sua longa história de racismo e xenofobia. Está ignorando a dignidade essencial dos refugiados e dos imigrantes".

Comentários vão contra o que o Papa pede aos católicos

 

De várias partes os católicos expressaram o seu desconcerto pelo ocorrido, mas todos concordam que as novas afirmações chocantes não podem deter o trabalho de governança sobre migrações, sobretudo neste momento em que milhares de famílias vivem no terror da separação e da expulsão, com o fim dos programas de proteção.

Bill Canny, diretor executivo de serviço pra migrantes e refugiados da Conferência Episcopal, declarou à Agência Cna que os comentários do presidente vão contra o que o Papa Francisco pede aos católicos para viverem em relação aos migrantes.

"Vimos imigrantes e refugiados entrarem neste país, e 90% dos refugiados que acolhemos encontram trabalho em até nove meses, porque existe variedade e existem trabalhos disponíveis para estas pessoas, que outros não fazem".

Cardeal Sean O'Malley: linguagem dura

 

O cardeal de Boston, Sean O'Malley, escreveu em seu blog que ao longo dos anos assistiu a muitas pessoas chegadas aos Estados Unidos para "compartilhar as suas vidas, a sua cultura e a sua fé, mas o espírito era bem diferente do tom de linguagem usado hoje no país, quando se debate a imigração".

O cardeal o considera "duro, não acolhedor, suspeito" e continua dizendo que "existem instituições e vozes individuais com a capacidade de distorcer a reputação deste país aos olhos do mundo.  Enquanto se espera ser respeitados como Estado soberano pelo mundo, este respeito acaba mudando em relação às outras pessoas, dos outros países e outras culturas".

Irmãs da Misericórdia: "Ninguém pode ser definido deste modo"

 

É perturbador para as 2.900 Irmãs da Misericórdia que um presidente tenha usado uma "linguagem vulgar e ofensiva para descrever o Haiti, El Salvador e países africanos", sobretudo porque as religiosas têm forte presença justamente nas nações desprezadas.

"Acolhemos imigrantes e refugiados destes países em nossas escolas, nas igrejas, nas instituições sanitárias e nos ofende a descrição injusta destas terras e de seus habitantes. Ninguém pode ser definido deste modo pelo líder de nosso país".

Por fim, o cardeal Blase Cupich de Chicago tuitou um agradecimento a Jean Baptiste Poiny Du Sable, fundador da cidade e imigrado haitiano, acrescentando: "Somos uma nação de imigrantes, que tornaram grande a América e que continuam a enriquecê-la com os dons que trazem em nossas costas". (Sir)

Igreja nos EUA deplora declarações de Trump

 

 

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15 janeiro 2018, 09:56