Paulo VI proclamou Maria como “Mãe da Igreja” em 1964
Rui Saraiva - Porto
No passado sábado dia 3 de março foi publicado um Decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, através do qual o Papa Francisco decidiu a inscrição da Memória da “Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja” no Calendário Romano Geral.
Esta decisão fez um caminho, ao longo do tempo, que teve em novembro de 1964 um episódio especial. Segundo informa o jornalista italiano Andrea Tornielli no portal “Vatican Insider”, o Papa Paulo VI no dia 21 de novembro de 1964, “no discurso conclusivo da terceira sessão conciliar”, durante a reunião que promulgava a Constituição Lumen Gentium, proclamou Maria como “Mãe da Igreja”. Fê-lo perante mais de dois mil bispos reunidos na Basílica de S. Pedro contando com o “parecer negativo dos bispos alemães e da comissão doutrinal” que se preocupavam com a conveniência ecuménica de tal proclamação.
Tornielli revela no seu artigo que, não obstante, a adesão da larga maioria dos padres conciliares que irromperam num forte aplauso aquando da proclamação, Paulo VI contou com algumas críticas, em particular, do seu amigo e filósofo Jean Guitton.
Contudo, já o Papa João XXIII em 1960 tinha definido Nossa Senhora desta forma e, o próprio Paulo VI tinha “expresso”, no final da segunda sessão conciliar, “a sua esperança de que se chegasse àquela proclamação”.
Recorde-se que o Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, no seu comentário ao Decreto do Papa Francisco, afirma que “a maturação da veneração litúrgica reservada a Maria vem no seguimento de uma melhor compreensão da sua presença ‘no ‘mistério de Cristo e da Igreja’.
Segundo o purpurado “o desejo é que esta celebração, agora para toda a Igreja, recorde a todos os discípulos de Cristo que, se queremos crescer e enchermo-nos do amor de Deus, é preciso enraizar a nossa vida sobre três realidades: na Cruz, na Hóstia e na Virgem – Crux, Hostia et Virgo. Estes são os três mistérios que Deus deu ao mundo para estruturar, fecundar, santificar a nossa vida interior e para nos conduzir a Jesus Cristo. São três mistérios a contemplar no silêncio” – assinala o Cardeal Sarah.
A memória litúrgica da “Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja” será celebrada na segunda-feira depois do Pentecostes. Neste ano de 2018 será no dia 21 de maio.
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