Vigário de Aleppo: potências mundiais buscam "pretexto" para destruir o país
Cidade do Vaticano
Os últimos acontecimentos na guerra na Síria mostram que "não há disposição para deixar este país em paz"; pelo contrário, atores regionais e as potências mundiais "parece que estão buscando sempre mais um pretexto para intervir com uma dureza ainda maior, e combater”.
Esta é a avaliação à Agência Asianews do Vigário Apostólico de Aleppo dos Latinos, Dom Georges Abou Khazen, ao comentar a escalada da tensão após o ataque em Douma, o último bastião rebelde no leste de Ghouta, nos subúrbios orientais da capital Damasco.
Armas químicas: acusações e desmentidos
Fontes da oposição denunciam o uso de armas químicas. Damasco nega veementemente as acusações. Enquanto isso, na ONU se consuma a divisão entre os Estados Unidos e a Rússia, com o risco de degenerar em conflito aberto no terreno.
Referindo-se ao acontecido em Douma no sábado, o bispo recorda que nessas horas, "a Síria está pedindo ao Conselho de Segurança da ONU para enviar uma comissão de investigação".
No entanto, acrescenta, as potências do bloco anti-Assad [Estados Unidos, Reino Unido, França] querem adotar o punho de ferro e não parecem "aceitar qualquer compromisso".
A posição dos EUA
O presidente dos EUA, Donald Trump, está considerando a possibilidade de atacar a Síria. Uma decisão deve chegar dentro das próximas horas.
Os Estados Unidos tem a intenção de preparar uma "forte resposta" ao que definem como "ato bárbaro" do líder sírio Bashar al-Assad contra a população de Douma.
Segundo fontes da oposição, mas não há confirmações, cerca de 60 pessoas morreram no ataque, incluindo mulheres e crianças. Pelo menos mil os feridos.
O presidente francês Emmanuel Macron e o governo de Londres também estão apoiando o intervencionismo americano. Os líderes concordaram em uma "ação forte e comum".
O apelo do Papa pela paz
Em um contexto de crescentes acusações e violência, o apelo pela paz do Papa Francisco permanece central. Nos últimos dias, ele voltou a lançar apelos pela Síria.
"As palavras do Papa - diz o vigário de Aleppo - correspondem à nossa posição e nosso maior desejo. Nós queremos a paz. Diante dessas ações e das consequentes ameaças, as pessoas têm medo e a escalada dos últimos dias preocupa muito. Não posso dizer o que mudou nas últimas semanas, mas vemos que há uma procura de um pretexto para destruir o nosso país".
O critério da verdade
O prelado faz votos de que a lógica do diálogo e da paz possa voltar a prevalecer "e para isso rezamos todos os dias. Estamos avaliando - acrescenta - a oportunidade de organizar um Dia Nacional de Oração pela Paz".
"Precisamos chegar a uma solução compartilhada – disse ao concluir - mas, se não adotarmos o critério da verdade, será difícil. E para pagar as consequências disto, serão sempre as famílias sírias, devastadas no plano econômico, social e moral, por um conflito sem fim".
(Asia News)
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