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Bispos de Burundi: não a modificações da Constituição

A Igreja Católica de Burundi critica o referendo constitucional previsto para este mês de maio e que poderia permitir ao Presidente Pierre Nkurunziza ficar no poder até 2034.

Cidade do Vaticano

Os bispos convidam a uma reflexão séria sobre a reforma. Segundo a Conferência dos Bispos Católicos de Burundi, antes de modificar o texto radicalmente, é preciso enfrentar a crise política e social que o país está atravessando há três anos e o clima generalizado de terror. O projeto de revisão da Constituição, segundo o episcopado, não considera o artigo 299 da atual Constituição porque não se pensou na unidade burundinesa. “O artigo 299 – sustentam os bispos – afirma que nenhum procedimento de revisão pode ser aplicado se ameaça a unidade nacional, a coesão do povo burundinês ou a reconciliação. No entanto, o que estamos vendo, ao invés de unir o povo de Burundi, parece ter efeito contrário, as relações entre os componentes da nossa sociedade se agravaram notavelmente”. “Na nossa opinião, o momento não é oportuno para uma emenda da Constituição”. O presidente dos bispos de Burundi D. Joachim Ntahondereye explica:

R. – Consideramos que o momento não é oportuno por causa da dispersão da atual classe política. Muitos burundineses fugiram do país de 2015 a 2016 e ainda estão no exterior. Por isso não podemos participar da companha referendária em andamento. Esperamos que o diálogo promovido pela Comunidade da África ocidental possa levar à repatriação voluntária dos responsáveis políticos e também da população que hoje está no exílio. Portanto é por este motivo que queremos que esta emenda seja votada depois da repatriação dos cidadãos. Foi isso que nos levou a declarar que, na nossa opinião, o momento não era muito oportuno.

O senhor falou dos burundineses que estão no exterior, que fugiram do país. Mas, ao mesmo tempo, na sua mensagem diz que muitos cidadãos do Burundi de hoje, mesmo não dizendo em voz alta, ainda vivem no medo…

R. – Isso é o que constatamos: a impossibilidade de exprimir-se livremente se for feita a emenda à Constituição. Enfim, o que fazemos é uma constatação.  

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04 maio 2018, 15:28