Brasil: Igreja comprometida com as comunidades afetadas pela mineração
Cristiane Murray – Cidade do Vaticano
Existem no Brasil 2.500 municípios impactados pela mineração. As empresas do setor mineram no país mais de 80 tipos de minérios, com o uso inclusive de trabalho semiescravo. Empregam uma força de trabalho de quase 3 milhões de trabalhadores e destes, menos de 500 mil estão protegidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
No Maranhão, ao longo dos 900 km da estrada de ferro Carajás, passa o minério de ferro extraído da Amazônia brasileira e destinado à exportação. Ali, o impacto é cotidiano sobre a saúde e a vida da população.
Quem nos fala é o Frei Rodrigo Peret, franciscano membro do Grupo de Trabalho da Mineração da CNBB e da Comissão Pastoral da Terra de Uberlândia (MG):
“Sofrem impactos enormes. A violação dos direitos de quem mora próximo da estrada de ferro Carajás já foi motivo de uma série de denúncias através da ONG Justiça nos Trilhos, que atua em defesa das famílias atingidas pela Companhia”.
“Comunidades vizinhas a Açailândia, onde se situa o polo siderúrgico, buscam o reassentamento motivado pelas excessivas emissões de poluentes no ar”.
Muitas comunidades atingidas pelo extrativismo minerário são apoiadas, assessoradas e defendidas também pelas Igrejas. O Grupo de Trabalho (GT) do Episcopado Brasileiro trabalha em parceria com Igrejas e Mineração, grupo ecumênico comprometido na defesa das populações afetadas pela mineração em toda a América Latina.
Segundo Frei Rodrigo, “os impactos acontecem ao redor das minas, mas todo o projeto necessita de uma maciça estrutura de suporte para a geração e o fornecimento de energia, para a acumulação de água para o transporte e a lavagem; o transporte do minério é feito por mineriodutos, por estradas, ferrovias, portos… é toda uma infraestrutura que causa impactos ambientais e sociais”.
Em relação às ações do GT da CNBB, ele esclarece:
“Vamos refletir e difundir junto às comunidades a carta pastoral do CELAM “Discípulos missionários, custódios da Casa Comum”, um discernimento à luz da Laudato si, que se dedica em modo particular a esta questão da mineração”.
“É um documento muito importante, que nos traz muita esperança, mas também que abre um campo de trabalho que vem sendo feito por todos nós que estamos caminhando junto com as comunidades, enfrentando os impactos e as violações de direitos humanos causados pelos mineradores”.
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