Cardeal Coutts: no Paquistão não há somente bárbaros e terroristas
Cidade do Vaticano
"Desde que me tornei bispo, 'harmonia' tem sido o meu lema. Fé, unidade e disciplina são também o lema nacional do país. A minha nomeação como representante do Papa dará uma mensagem clara: nem todas as pessoas que vivem aqui são bárbaros e terroristas".
Isto foi afirmado por Dom Joseph Coutts, arcebispo de Karachi, falando com alguns jornalistas após a divulgação da notícia de que o Papa Francisco o elevará a cardeal no Consistório em 28 de junho próximo.
O encontro com a imprensa aconteceu na semana passada na Catedral de St. Patrick, em Karachi, depois de uma reunião entre o futuro cardeal e Syed Murad Ali Shah, ministro-chefe da Província paquistanesa de Sindh.
Dom Coutts, de 73 anos, disse que compartilhava a visão de Muhammad Ali Jinnah, fundador do Paquistão [que apoiava o respeito e a igual dignidade de todas as comunidades religiosas].
"Jornalistas de todo o mundo - continuou ele - me perguntam se existem igrejas no Paquistão. "Mas os muçulmanos permitem que vocês rezem?", era o questionamento deles.
Trabalhar para viver como nação
Em nível internacional, a imagem do Paquistão é muito negativa. Não haverá progressos se continuarmos divididos".
O arcebispo reitera então que "estamos trabalhando juntos para produzir uma sociedade na qual todos vivam como uma nação e aceitem um ao outro. Este não é somente o meu trabalho, mas uma tarefa para todos".
Desde que o Papa Francisco anunciou a criação de 14 novos cardeais, incluindo três asiáticos, muitos expressaram sua solidariedade com o cardeal designado.
Além do ministro chefe local, Mons. Coutts tem recebido mensagens de congratulações de políticos, autoridades do governo, líderes cristãos e pessoas comuns, que prestam homenagem ao trazer flores e presentes para o arcebispado.
No domingo, em todo o país, foi realizada uma oração especial pelo segundo cardeal que o Paquistão já terá [o primeiro foi o cardeal Joseph Cordeiro, falecido em 1994 - ed.).
Pe. Inayat Bernard, reitor da Catedral do Sagrado Coração de Lahore, quis projetar um documentário sobre a vida do arcebispo. Dom Samson Shukardin, bispo de Hyderabad, ofereceu outros momentos de oração na Catedral de São Francisco.
Criar pontes
Ele declarou à AsiaNews que "em um país com uma maioria muçulmana como o Paquistão, um cardeal pode ajudar a criar pontes no crescente abismo entre o Islã e o Ocidente. Ele terá que fazer esforços constantes para o diálogo inter-religioso".
Padre Kamran Taj, vigário geral da diocese de Faisalabad, que Dom Coutts serviu por 14 anos, acredita que "o belo anúncio do Papa deu nova confiança à minoria religiosa. Tudo isso honra a Igreja local, que se sente mais legitimada. Agora é hora de selar bons acordos com o governo, e em particular na província de Sindh, para melhorar [as condições] das minorias".
Shahid Rehmat, diretor executivo da organização católica Youth Development Foundation, lança um apelo pelo renascimento da Igreja local. "Precisamos - ele diz - de padres que cuidem de seus paroquianos. Caso contrário, os católicos poderiam ir para as outras igrejas. As organizações eclesiásticas devem começar a promover plataformas de pequenas empresas e empreendimentos sociais".
"Comunidades menores como as dos ahmadis e Aga Khanis têm essas vantagens - conclui. As igrejas administram as melhores escolas do país, mas a nossa comunidade carece de competências empreendedoras. É preciso uma abordagem holística, além de orações, e é precisamente aqui que é necessário o trabalho do cardeal Coutts".
(Asianews)
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