Portugal: comunidades religiosas contra a legalização da eutanásia
Domingos Pinto-Lisboa
É uma posição pública assumida por responsáveis de oito Igrejas e comunidades religiosas, (cristãs, muçulmanas, judaicas, hindus e budistas) presentes em Portugal.
A 29 de maio vão estar em debate na Assembleia da República quatro projetos-lei relacionados com a legalização da eutanásia.
O texto ‘Cuidar até ao fim com compaixão’, uma declaração do Grupo de Trabalho Inter-religioso Religiões-Saúde, foi assinado e apresentado esta 4ª feira, 16 de maio, numa conferência que decorreu na Academia das Ciências de Lisboa.
Os signatários do documento, entre os quais o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, sublinham o caráter “insubstituível e necessário” de cada ser humano, com uma “dignidade intrínseca anterior a todo e qualquer critério de qualidade de vida e de utilidade, até à morte natural”.
“O que nos é pedido não é que desistamos daqueles que vivem o período terminal da vida, oferecendo-lhes a possibilidade legal da opção pela morte, à qual pode conduzir a experiência do sofrimento sem cuidados adequados”, sublinha o documento onde os responsáveis religiosos apresentam como alternativa à eutanásia os cuidados paliativos e a “possibilidade de uma morte humanamente acompanhada”.
“Assumimos a disponibilidade e a vontade de fazermos tudo o que esteja ao nosso alcance para participar neste verdadeiro desígnio nacional”, acrescentam os representantes religiosos nesta declaração que o Cardeal Patriarca de Lisboa considera ser “um momento significativo”.
Em declarações aos jornalistas à margem desta conferência, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa referiu que o problema principal é o da “proximidade” em relação a quem está doente.
“Quando a vida dói e é particularmente sofrida, pelos próprios, pelos seus familiares, pelos amigos, por todo o sistema hospitalar e de saúde, tem de ser devidamente acompanhada tecnicamente, pelos cuidados paliativos, e com a possibilidade para que as pessoas realmente o possam fazer, o que tem a ver com a disponibilidade física e até laboral”, sublinhou D.Manuel Clemente que defendeu neste contexto a existência de licenças laborais para que seja possível acompanhar pessoas que estão doentes e “precisam de ajuda e proximidade”.
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