"O rosto de uma Igreja pobre. A eclesiologia conciliar da Evangelii gaudium"
Cidade do Vaticano
“O rosto de uma Igreja pobre. A eclesiologia conciliar da Evangelii gaudium”: esse é o título do livro do arcebispo de Palermo – sul da Itália –, Dom Corrado Lorefice, que acaba de ser publicado pelas Edições São Paulo. O volume faz parte da coleção “Evangelii gaudium”, que se propõe a responder ao pedido do Papa Francisco à Igreja italiana por ocasião do V Congresso Eclesial Nacional, realizado em novembro 2015 em Florença.
Desde o início de seu ministério petrino, como se pode constatar de numerosos discursos e homilias e, sobretudo, da Evangelii gaudium (A alegria do Evangelho), Exortação apostólica de 24 de novembro de 2013, “o Papa Francisco pediu, com eficácia de sinais e de palavras, para ser ajudado a dar rosto a uma Igreja pobre, dos pobres e para os pobres”, lê-se na apresentação da obra.
Igreja pobre e dos pobres significa voltar ao Evangelho
Tal pedido não nasce de uma mera sensibilidade pessoal, foi claramente do húmus conciliar, daquele parágrafo da Lumen gentium 8,3: “Como Cristo realizou a redenção através da pobreza e das perseguições, assim a Igreja é chamada a tomar o mesmo caminho para comunicar aos homens os frutos da salvação”.
Como demonstra o volume, o atual bispo de Roma assimilou o conteúdo mais profundo deste texto, fez seu toda a força teológica e eclesiológica que o mesmo contém, o “espírito” que o anima. Repropôs essa perspectiva conciliar, pedindo para colocá-la na pastoral ordinária das comunidades cristãs.
Predileção pelos pobres e oprimidos está no centro do anúncio do Reino
Trata-se “de um aspecto distintivo da fé, visto que se identificou com os pobres de modo impressionante propriamente aquele que é ‘o seu autor e aperfeiçoador’”, Cristo Jesus, como diz a Carta aos Hebreus”, lê-se, por sua vez, na introdução do livro.
A questão da pobreza permanece um ponto crucial na vida da Igreja. A predileção de Deus pelos pobres, os oprimidos, os desprezados está no centro do anúncio do Reino, mas a fidelidade dos discípulos de Jesus a esta palavra de seu Senhor foi historicamente uma pedra de tropeço para a comunidade cristã.
Igreja que não se compromete com a riqueza e o poder
Uma Igreja pobre, lê-se ainda, significa “uma Igreja que em sua vida e em seu dinamismo não se compromete com a riqueza e com o poder; significa uma Igreja que está da parte dos pobres e não da parte dos poderosos”.
Nos pobres a Igreja reconhece seu Senhor humilhado e sofredor. Os pobres são sacramento do Senhor. Por isso, ela é também o lugar da memória e da dedicação aos pobres, para que a “carne ferida” do Crucificado Ressuscitado não seja esquecida e negligenciada, mas cuidada e protegida. O cuidado com os pobres revela o rosto de uma Igreja “santa”, não distraída e atarefada, acrescenta.
Obra propõe-se auxílio à reflexão e convite à ação dos fiéis
Por fim, na esteira do Concílio Vaticano II e da exegese luminosa que o Papa Francisco dá em seus gestos e em seus discursos, a obra propõe-se a ser um auxílio à reflexão e um convite à ação dos fiéis a fim de que em sua existência e em sua carne o mundo possa ver os sinais do Senhor que salvou a sua Igreja mediante “pobreza e perseguições”.
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