Universitários cristãos: o testemunho de Filipe Ribeiro, estudante de Direito
Rui Saraiva – Porto
Em Portugal, o mês de maio é marcado pelos festejos e celebrações académicas, sobretudo dedicadas aos finalistas universitários. Trata-se do tradicional período da “Queima da Fitas”, onde cada curso universitário apresenta à sociedade os seus alunos que em breve iniciarão as suas carreiras profissionais. Multiplicam-se festas, cortejos nas ruas das cidades, bailes de finalistas e tantas outras iniciativas.
Momento cada vez mais concorrido é a “Benção das Pastas”, uma celebração eucarística na qual os estudantes universitários agradecem a Deus o caminho de estudo percorrido e celebram os anos vividos na Faculdade.
Na passada edição da nossa rubrica “Sal da Terra, Luz do Mundo” publicamos as declarações de Mariana Oliveira, finalista do Curso de Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.
Desta vez damos espaço ao depoimento de um finalista do curso de Direito. Trata-se do estudante Filipe Ribeiro da Faculdade de Direito da Universidade do Porto. O registo áudio é da reportagem do jornal diocesano “Voz Portucalense”:
VP: O que é ser cristão no meio universitário?
FR: Eu acho que o maior desafio é ser colocado sempre à prova, sobretudo num curso como Direito em que, muitas vezes, somos questionados a separar o lado moral da Lei. E na nossa forma de olhar para a questão política e pública. No entanto, eu acho que somos nós cristãos, enquanto universitários, a querer mostrar ao nosso amigo o papel de evangelizar e levar à comunidade e à Faculdade, através de grupos como a “Missão País”. Recordo que alguns jovens amigos meus que foram à “Missão País” por um facto de aventura, por uma experiência, e era no encontro com o próximo, com o outro, que encontravam Deus.
VP: E como é aceite o seu empenho cristão pelos outros colegas da Universidade?
FR: Somos vistos como diferentes e eu gosto disso. Os meus amigos mesmo que não acreditem vão aceitando como nós olhamos para a vida. E, muitas vezes, dizem: “gostava de ser como vocês são”. Lembro-me quando eu quis levar para a Faculdade os “Caminhos de Santiago”, houve um processo difícil de aceitação e hoje a própria Reitoria da Universidade do Porto já fez mais do que uma notícia a divulgar. Nós não temos medo de mostrar aos nossos amigos e isso faz com que eles próprios se interroguem e queiram experimentar esta “água” que nós bebemos.
VP: Há pouco falou na “Missão País”. Como caracterizaria esse projeto?
FR: Eu falo a título pessoal, pois a “Missão País” mudou a minha forma de ver a própria Faculdade. Eu estava quase a mudar de Faculdade e foi a “Missão País” que me permitiu identificar um grupo de amigos. E a “Missão País” permiti-me viver naquilo que eu sou de verdade. Sabemos que é uma semana diferente que nos leva para um mundo diferente em que, quando saímos, dizemos que vamos voltar para o mundo real. A “Missão País” permite que milhares de jovens possam viver uma entrega à comunidade à população do interior do país através da oração e da entrega a Deus. Olho para amigos meus que nunca pensaram ter uma ligação, a irem à Pastoral Universitária do Porto.
VP. Então é dando pelos outros que somos mais felizes?
FR: Sem dúvida. Essa capacidade de irmos ao encontro do outro sem o outro alguma vez estar à nossa espera. São pessoas, no caso da Faculdade de Direito, que, em Cinfães e, anteriormente, em S. João da Pesqueira, nos recebiam de braços abertos. E isto mexia connosco: como é que estas pessoas que tinham tão pouco nos oferecem tanto. E a “Missão País” é assim: estudantes de uma Faculdade de Direito, que muitas vezes são conhecidos como ateus, têm tanto para dar, tanta fé para dar.
VP: Como é que se sente como finalista?
FR: Foram quatro anos muito intensos, muito fortes. Desde a minha entrada na Associação de Estudantes em que estive no departamento de ação social. Foram quatro anos intensos de estudo. Eu queria deixar uma marca e pude deixar os “Caminhos de Santiago” na Faculdade de Direito que até então não existia; estive na “Missão País” quatro anos; quatro anos na Associação de Estudantes; e agora, juntamente com mais amigos, conseguimos criar uma associação de jovens unicamente ligada ao apoio a pessoas e famílias carenciadas do centro histórico do Porto.
VP: Podemos dizer que o compromisso cristão é para toda a vida?
FR: Sem dúvida. Isso é muito mais do que uma fase. Não queremos abandonar. E ainda há muito para fazer.”
Era Filipe Ribeiro, estudante finalista do curso de Direito da Universidade do Porto, em Portugal. Um jovem muito empenhado em dar um testemunho cristão em projetos universitários.
“Sal da Terra, Luz do Mundo” é aqui no Vatican News em língua portuguesa.
“Laudetur Iesus Christus”.
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