Cardeal Leopoldo Brenes e Dom Silvio Baez diante da Basílica de San Sebastián, onde foram libertar um grupo de franciscanos e paramédicos sitiados por paramilitares Cardeal Leopoldo Brenes e Dom Silvio Baez diante da Basílica de San Sebastián, onde foram libertar um grupo de franciscanos e paramédicos sitiados por paramilitares 

Igreja na Nicarágua condena agressão a bispos e sacerdotes

Depois da agressão física e verbal na Basílica em Diriamba e em Jinope, a Igreja na Nicarágua suspendeu a mediação que fazia na crise que abala o país desde abril

Cidade do Vaticano

A Conferência Episcopal da Nicarágua, mediadora do diálogo nacional, suspendeu as rodadas de negociação criadas para superar a crise vivida no país, depois da agressão física sofrida por bispos na Basílica de San Sebastián, na cidade de Diriamba, e que causou consternação no país.

“A Igreja na Nicarágua repudia e lamenta profundamente a agressão física e verbal que foram objeto neste dia na Basílica o cardeal Leopoldo José Brenes, arcebispo de Manágua, Dom Silvio José Báez, bispo auxiliar, o núncio apostólico Dom Waldemar Somertag, representante do Santo Padre na Nicarágua”, diz um comunicado do episcopado.

De fato, na segunda-feira (09/07) um grupo de paramilitares irrompeu violentamente na Basílica, agredindo os bispos e jornalistas presentes. A agressão ocorreu quando os bispos estavam em Diriamba, 42 km ao sul de Manágua, para libertar um grupo de enfermos e missionários franciscanos sitiados por paramilitares no templo.

“A delegação – explica a nota - cumpria a missão de Jesus Cristo, estar ao lado do povo sofredor, uma visita pastoral aos sacerdotes e fiéis da região de Carazo, vítimas de policiais, paramilitares e turbas que provocaram a morte e a dor”.

 

A tensão já era alta quando a delegação da Igreja Católica, acompanhada pela Associação Nicaraguense pelos Direitos Humanos, entrou na praça central de Diriamba onde está a basílica, que estava cercada por cerca de 200 encapuzados paramilitares e dezenas de policiais fortemente armados, alguns deles também com os rostos tapados. Com a chegada da delegação, os policiais fardados retiraram-se, abrindo espaço para civis simpatizantes de Daniel Ortega e forças paramilitares. Mais tarde, ocorreu a invasão da Basílica.

De volta à capital Manágua, o cardeal Leopoldo Brenes, após uma oração na Catedral Metropolitana, disse que “sentimos essa ação, dura, forte e brutal contra nossos sacerdotes. Nunca havíamos visto algo assim na Nicarágua e realmente é muito triste”.

“Fomos às paróquias não para cometer violência, mas para consolar nossos sacerdotes, para acompanhá-los no sofrimento, no entanto, recebemos esta agressão e todos sofremos por Cristo”, comentou.

O episcopado também denunciou que um templo católico na cidade de Jinotepe foi profanado por um grupo de paramilitares.

“Na tarde de hoje, forças paramilitares profanaram o templo e agrediram os sacerdotes Jalder Hernández e Eliseo Hernández, na paróquia Santiago em Jinope. Que o Senhor tenha piedade dos tolos e insensatos”.

A agressão aos bispos e sacerdotes é mais um capítulo da crise sócio-política pela qual passa o país centro-americano, a mais grave desde a década de 1980. 320 pessoas já morreram desde 18 de abril passado, quando iniciaram os protestos contra o governo de Daniel Ortega.

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O ataque na Basílica de San Sebastián
10 julho 2018, 09:25