Coreia: jovens peregrinos à zona desmilitarizada escrevem ao Papa
Cidade do Vaticano
"Vimos que não pode se ser agentes de paz se não vivemos juntos, se não aprendemos algo de novo e enriquecedor das nossas muitas diferenças, deixando-nos interpelar pelas novidades que outros nos dão a partir de suas vidas e culturas. A paz não é construída pelos esforços de um indivíduo ou de um único povo, mas ela nasce da graça de Deus e da solidariedade e comunhão entre todos".
Foi o que escreveram ao Papa Francisco os jovens que participaram da terceira edição do World Youth Peace Pilgrimage to Dmz, a peregrinação à zona desmilitarizada de 248 km de extensão e 4 metros de largura que divide há mais de sessenta anos a Coreia do Sul e do Norte.
Semeando paz e unidade
"Queremos presenteá-lo com os frutos de nossos dias vividos juntos - lê o texto - e humildemente pedir a sua bênção sobre nós. Estamos confiantes de que a bela iniciativa desta peregrinação irá fecundar a península coreana, os países dos quais somos provenientes e o mundo inteiro, com novas sementes de paz e unidade e que eles darão muitos frutos em nossas vidas e na vida da Igreja e da humanidade" .
Jovens de 16 países
Cerca de uma centena de jovens de dezesseis países da Ásia, África, América e Europa, participaram da iniciativa, caminhando juntos ao longo da zona desmilitarizada, rezando pela paz na península coreana, partilhando a sua preocupação com os muitos conflitos no mundo.
Após a cerimônia de abertura na Catedral de Myeongdong em Seul, os participantes tiveram um encontro com o ministro da Unificação, Cho Myoung-Gyon, visitaram o museu DMZ e animaram uma vigília de oração durante a noite.
Pequenos gestos podem mudar o mundo
Nos dias sucessivos uniram-se aos jovens peregrinos o arcebispo Alfred Xuereb, núncio apostólico na Coreia, o cardeal Andrew Yeom Soo-jung, arcebispo de Seul, o bispo auxiliar Petrus Chung Soon-taick e monsenhor Francis Xavier Yu Soo-il, ordinário militar na Coreia: todos rezaram pela paz e a reconciliação da península coreana.
"Não é algo grandioso que mude o mundo. Mas o teu olhar afetuoso, as mãos amigáveis e as palavras encorajadoras são os pequenos gestos que provocam uma grande mudança no mundo. Eu espero que vocês possam ser os apóstolos que levem paz ao mundo", disse o cardeal Yeom Soo-jung.
Educar para a não-violência
A peregrinação mundial da juventude pela paz concluiu-se com uma Missa presidida pelo padre Achille Chung, presidente do Comitê para a Reconciliação Nacional da Arquidiocese de Seul e organizador da peregrinação, acompanhado por quatro jovens sacerdotes do Brasil, México e Indonésia.
Desde 2016 a Arquidiocese de Seul organiza a Peregrinação Mundial da Juventude pela Paz à DMZ, também chamada de "O vento da paz", com o objetivo de educar para a não-violência.
Solidariedade entre os povos
"Nestes dias - escreveram na carta a Francisco – a solidariedade entre povo coreano e representantes de muitos outros povos do mundo, consolidou em nossos corações um desejo e um maior compromisso de ser agentes de paz em nossos respectivos países. De fato, a palavra "paz" adquiriu um valor e um significado ainda mais profundo para nós: sorriso, felicidade, alegria, reconciliação, perdão, comunhão de vida em meio à diversidade. Nós, jovens coreanos e não-coreanos, asiáticos, africanos, europeus e latino-americanos, cristãos e não-cristãos, queremos agradecer-lhe pelo seu olhar de predileção para os jovens. Neste importante e histórico ano do Sínodo dos jovens, peregrinamos também impulsionados pela sua confiança e esperança em nós e em nossa missão na Igreja e no mundo".
(L'Osservatore Romano)
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