Exposição iconográfica sobre a vida de Maria e José: evangelização e cultura
Manuel Tavares - Cidade do Vaticano
“Exposição iconográfica sobre a vida de Maria e José: evangelização e cultura”
Milhares de imagens de Nossa Senhora e São José estão expostas no Santuário de São José, em Apucarana (PR), o único no Brasil.
O Padre José Antônio Bertolin, da Congregação dos Oblatos de São José, promoveu e inaugurou esta Exposição Iconográfica sobre os pais de Jesus, no Centro de Espiritualidade dos Padres Josefinos. A iniciativa é considerada, pelos organizadores, como o maior acervo do gênero no Brasil, devido à quantidade e à diversidade de imagens expostas.
O objetivo desta Exposição Iconográfica, diz Padre Bertolin, é “a evangelização e a cultura”.
O promotor da iniciativa explica que, na exposição, estão as melhores reproduções em pintura, escultura e imagens sacras de grandes artistas, ao longo dos séculos.
A este respeito, a Vatican News entrevistou Padre José Antônio Bertolin, a quem perguntou inicialmente:
Como nasceu a ideia desta exposição?
A organização dessa exposição surgiu do desejo de ligar Maria a São José, visto que neste lugar (Apucarana) a Congregaçao dos Oblatos de São José mantem um Centro de espiritualidade Josefina que se empenha na divulgação da teologia de São José e da espiritualidade Josefina. Sendo que não podemos pensar em São José sem a presença de Maria da qual ele é esposo, então procuramos organizar esses ícones marianos os quais em muitas das vezes externam também a presença e a missão de São José, particularmente quando estes ícones representam as cenas do matrimonio de José com Maria, os Santos esposos, o nascimento de Jesus em Belém, a perseguição de Herodes, a fuga para o Egito, a volta do Egito, a vida em Nazaré no trabalho da carpintaria em companhia de Maria e Jesus e até as cenas dos apócrifos que descrevem o casamento de José com Maria, a sua escolha, a sua morte, etc. Além do mais, o povo católico brasileiro é muito devoto de Maria, o que chama-lhe muito a atenção tudo aquilo a que se refere a ela.
Como o senhor teve acesso aos ícones?
Esses ícones foram resultado de uma coletânea sobre tudo que representava Maria por meio dos santinhos (muito comuns aqui no Brasil), para isso foram buscados os ícones de Maria em várias igrejas e livrarias do Brasil; depois uma razoável quantidade deles foram frutos de busca nas vezes em que estive na Itália por meio de fotografias, e outra grande quantidade foi resultado de pesquisas na internet. A internet ajudou muito para conhecer toda a riqueza artística que os melhores e mais renomados mestres, pintores e escultores produziram ao longo dos séculos e que foram reproduzidos desde em uma humilde igrejinha até nos grandes e famosos santuários, catedrais e igrejas espalhadas pelo mundo ou que hoje se encontram nos famosos museus do mundo. Foi um trabalho de paciência que demandou quase cinco anos de dedicação.
Entre as várias imagens encontra-se a de Nossa Senhora “Desatadora nós” da qual o Papa Francisco também é devoto?
Dentre os inúmeros ícones de Nossa Senhora temos também o de Nossa Senhora Desatadora dos nós, devoção muito cara aqui no Brasil e que é representada por uma pintura de um artista alemão do ano de 1700. Este ícone foi inspirado pelo artista em base ao que apocalipse 12,1 relata, ou seja, uma mulher (representado Maria), vestida de sol com a lua debaixo dos pés e na cabeça uma coroa com 12 estrelas. O interessante que o artista iluminou essa frase bíblica com o pensamento de Santo Irineu: Eva com a sua desobediência atou o nó da desgraça para a humanidade, enquanto que Maria com sua obediência o desatou. Na representação iconográfica um dos anjos que aparece, entrega à Maria uma fita com nós grandes e pequenos, separados e juntos, que simboliza a nossa culpa original, e outro anjo recebe das mãos de Maria a fita que cai livremente com os nós desfeitos, significando o poder libertador de Maria. Este ícone além de ser muito venerado no Brasil é também venerado pelo Papa Francisco que na década de 80 encontrou essa devoção em uma igreja da Alemanha e a levou para a Argentina e a divulgou sendo ele mesmo um grande devoto de Nossa Senhora desatadora dos nós.
Quais são as imagens mais curiosas no seu parecer?
Dentre os quase 5 mil ícones cada um apresenta a sua peculiaridade segundo a ideia que o artista concebeu ou que foram representadas pelas diversas circunstancias em que se quiseram representar Maria, mas uma que eu gosto muito é a representação feita por Murilo em que Maria jovem é instruída por sua mãe Ana. Chama a atenção a importância que Maria dá às palavras de sua mãe. Numa outra representação, em obra atribuída a Pieter Rubens, os pais Joaquim e Ana aparecem na cena, mas Maria está atenta aos ensinamentos de sua mãe, isso para dizer como que além das graças que ela recebeu, também foi importante a educação que recebeu de seus pais.
A cena pintada por Michael Pacher é curiosa porque Maria é interpelada pelo anjo o qual lhe oferece uma flor de lírio que simboliza a sua pureza imaculada, razão de ser escolhida para ser a mãe de Deus. Todas as inúmeras cenas que representam Maria em sua ternura maternal segurando o menino Jesus em seus braços são muito significativas, mas gosto muito da representação feita por Simon Vouet, cuja obra se encontra no Museu de belas artes de Lyon-França em que Maria com seu amor de mãe segura o seu filho e mostra-lhe uma rosa a qual é contemplada por Jesus com bastante curiosidade. Chama a atenção também a obra esculpida em marfim por escultores franceses em que Maria é representada segurando o menino Jesus o qual está em pé apoiando-se em suas pernas e amamentando-se tranquilamente. Esta obra encontra-se em Antuérpia na Bélgica.
Qual está sendo a repercussão entre os visitantes?
Esse centro iconográfico com as representações de Nossa Senhora e São José já conheceu uma acentuada repercussão, especialmente no Paraná. Nós não tivemos no início a preocupação de anotar o número de visitantes, e só agora ultimamente que estamos fazendo isso, mas podemos afirmar que mais de 5 mil pessoas visitaram esse lugar nos últimos três anos. São caravanas que chegam para visitar o santuário e com um programa específico para conhecer os ícones. Tem sido frequente que emissoras de TV, rádios e jornais, por ocasião da festa de nossa Senhora Aparecida (12 outubro), cheguem aqui para reportagens divulgando-as para todo o Brasil.
Este é o maior acervo desse gênero no Brasil? E poderia ser do mundo?
No Brasil é sem dúvida, porque comporta 4.446 ícones de Maria e 1.590 de São José, portanto, totaliza 6.036 ícones. Todos dispostos em molduras em tamanho 20X25cm em papel fotográfico de ótima qualidade e com uma etiqueta explicativa para cada ícone. Não saberia dizer se fora do Brasil há uma exposição assim.
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