Bispos europeus: documento "Projetar o futuro do trabalho"
Cidade do Vaticano
O mundo do trabalho mudou e isso continuará ocorrendo por causa das transformações digitais e ecológicas em curso. Por conseguinte, é preciso que a União Europeia desenvolva uma “visão europeia clara” que garanta que nenhum cidadão seja excluído ou penalizado por tal transformação.
Essa é a perspectiva em que se coloca o documento “Projetar o futuro do trabalho” preparado pelo Grupo de trabalho sobre temas sociais da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (Comece). O texto tem um olhar voltado para 2019, ano das eleições europeias e centenário da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Documento apresentado em Bruxelas
O documento foi apresentado esta terça-feira (27/11) em Bruxelas – durante uma conferência internacional promovida pela Comece – por Dom Antoine Hérouard, que guia a Comissão para os assuntos sociais da própria Comece.
O texto parte de uma reflexão sobre o trabalho, entendido como fonte de ganho e como “parte integrante da identidade humana”: com efeito, o trabalho ajuda a “definir o papel das pessoas na sociedade”, favorece o desenvolvimento pessoal e veicula “a responsabilização pela criação para tornar a casa comum mais próspera para as futuras gerações”.
Promover um trabalho digno, sustentável e inclusivo
Hoje, porém, há “riscos”: a polarização dos empregos em que com a digitalização crescem as oportunidades de trabalho muito qualificado, mas se perdem os trabalhos da classe média; a flexibilidade que ameaça o direito do trabalho; a perda de confins entre vida profissional e vida privada provocada pela digitalização.
Portanto, é preciso “plasmar as tendências atuais por um mundo do trabalho que seja digno, sustentável, participativo e inclusivo para todos”, visão que se apoia numa ideia de economia que está a serviço do desenvolvimento humano integral.
17 recomendações
O documento Comece apresenta 17 “recomendações políticas” para construir um análogo mundo do trabalho: “fazer da sustentabilidade um princípio essencial do investimento privado; reforçar a participação das parcerias sociais, da sociedade civil e das Igrejas no semestre europeu (instrumento político da União Europeia para a convergência econômica); dar nova força ao diálogo social em todos os níveis; adaptar o diálogo social a um ambiente pós-industrial.
E ainda: ajudar os trabalhadores na transição do mundo do trabalho (transformando, por exemplo, o Fundo de adequação à globalização num fundo europeu para a transição); desenvolver programas ad hoc para combater o desemprego duradouro; promover a justiça fiscal entre o trabalho e o capital, atuando, entre outros, por uma justa tributação da economia digital, ou ainda, impondo uma taxa sobre as transações financeiras a nível de União Europeia que reduziria a volatilidade dos mercados, a especulação excessiva e restabeleceria a justiça fiscal.
(Sir)
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