O Sínodo dos Jovens realizou-se em outubro passado, no Vaticano O Sínodo dos Jovens realizou-se em outubro passado, no Vaticano 

Especial: Jesus, caminha e ouve

Neste terceiro programa, o pe. Douglas Ferreira ajuda a meditar o documento final do Sínodo dos Jovens.

Cidade do Vaticano

Caros amigos e amigas ouvintes da Rádio Vaticano espalhados por todo o mundo, bem-vindos ao terceiro programa da série que ajuda a meditar o documento final do Sínodo dos Jovens. Na conversa de hoje - e da próxima semana - comentaremos a primeira parte do documento que tem o título: Caminhava com eles. Hoje resumiremos o primeiro e o segundo capítulos. Para aproveitar ao máximo seja a leitura do documento e, também, as nossas reflexões é necessário ler o Evangelho Lucas no Capítulo 24, versículos 13-35, onde está descrito a passagem de Emaús.

Ouça a reportagem

A «fotografia» da cena dos discípulos que caminhavam para Emaús foi aplicada pelos Padres à situação atual dos jovens. Junto com os discípulos caminhava Cristo que escutava, compartilhava e se interessava por eles. A companhia de Jesus naquele momento particular, como hoje, não é um simples trocar de passos é o do dom de uma presença que aquece os corações. O Evangelho revela, ao mesmo tempo, uma fina qualidade divina: aquela de saber escutar os seus filhos.

No primeiro capítulo da primeira parte, os padres identificaram que os jovens de hoje querem ser ouvidos, contudo, encontram dificuldade em encontrar lugares e pessoas preparadas para escutá-los. A Igreja, tendo observando tal desejo, reconhece em si a necessidade agir como Jesus e colocar-se ao lado deles para ouví-los e, por isso, recorda aos sacerdotes o dever de dedicar tempo, abrir espaços e preparar agentes para que se ouça as aspirações da mocidade local. Ouví-los, indica o documento, possibilita trocar experiencias e enfrentar perguntas inéditas que necessitam de aprofundamento evangélico. Escutar não é recolher informações é, sim, a expressão da maneira como Deus se relaciona com o seu povo.

Os padres quiseram oferecer, também, um panorama sobre o contexto cultural. Por primeiro identificaram é que o universo dos jovens no mundo muda de acordo com a cultura e o ambiente onde vivem e por isso não se pode oferecer uma indicação particular. Um traço comum, por outro lado, é o fato da perceptível redução do número de jovens em algumas regiões, trazendo como  consequência a perda de antigas tradições; o protagonismo dos grupos juvenis pode, por isso, ser um auxílio para defender e cultivar tais tradições em comunhão com os mais velho combatendo, sobretudo, a chamada colonização cultural que destrói as raizes culturais da juventude anulando, muitas vezes, a propria identidade.

Naquilo que diz respeito ao interno da realidade eclesial, o Sínodo aponta a importância de valorizar as atividades da pastoral da juventude, criando nela um caminho vocacional que considere toda a vida cristã desde a iniciação cristã até a vida em comunidade, favorecendo a conversão e a adesão à proposta da vida cristã, tendo a delicadeza de verificar se àqueles que abraçarão uma vocação de serviço (matrimonio, ordem ou vida consagrada) tenha se tornado verdadeiros discípulos.

O segundo capítulo da primeira parte, os padres identificaram três pontos chaves: o ambiente digital; a migração e as diversas formas de abuso.

O mundo digital não é, citando o Papa Bento XVI, um mundo paralelo, faz parte da realidade de hoje. Nesse novo espaço de encontro e debate é necessário a presença da Igreja que ajude a favorecer o uso adequado e o encontro real, que está além da rede. O documento deixa claro a importância em combater o lado obscuro da internet que, como sintoma mais evidente tem o isolamento das pessoas e difusão de conteúdos destrutivos.

A questão da imigração, o segundo nó, é um fenomeno mundial que, se trabalhado em maneira justa, pode ser uma oportunidade de riqueza seja para aquele que deixa o seu pais, seja para aquele que recebe. Deixar um pais e a propria cultura é um drama e, os jovens católicos sobretudo, são chamados a oferecer a estes estrangeiros uma comunidade saudável onde possam ter apoio no momento de crise.

A questão dos diversos abusos - de poder, de economia, de consciência e sexual - devem ser combatidos com força, inclusive dentro das comunidades cristãs. O documento afirma que o primeiro modo para combater os abusos (de qualquer tipo) é a denuncia verdadeira do problema, depois construir comunidades e grupos jovens católicos fortes, com vida ativa e profunda comunhão nas dioceses, procurando ter presente figuras e famílias de referência que ajudem a combater tais problemáticas.

Caros amigos, como vimos, o documento é intenso e cheio de informações. Muitas perguntas poderemos fazer e, esperamos, que na leitura pessoal e em comunidade consigamos boas conclusões e ações que, movidas pelo Espírito Santo, ajude a levar o evangelho de Cristo para o trabalho pastoral com os jovens. Até a semana que vem!

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17 novembro 2018, 12:20