Rede 'Justiça nos Trilhos' premiada na Suíça por defender comunidades impactadas
Cristiane Murray - Cidade do Vaticano
A organização brasileira ‘Justiça nos Trilhos’, de cunho não-governamental e sem fins lucrativos, receberá o Prêmio Direitos Humanos e Empresas por sua atuação junto às comunidades do Corredor de Carajás, a linha de trem operada pela mineradora Vale nos estados do Maranhão e do Pará.
O prêmio é concedido pela Fundação Direitos Humanos e Empresas (Human Rights and Business Award Foundation) e será entregue dia 27 de novembro, em Genebra, no Fórum das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos.
Justiça nos Trilhos, sempre ao lado das comunidades
A Justiça nos Trilhos é uma organização que trabalha de perto com as comunidades locais em áreas remotas do Brasil — incluindo povos indígenas, camponeses e afrodescendentes — para examinar os abusos de direitos humanos e ambientais cometidos por empresas mineradoras e siderúrgicas, especialmente a multinacional Vale.
As empresas mineradoras e siderúrgicas poluem os rios, que são fonte de obtenção de água potável e sustento para aquelas comunidades; poluem o ar, causando problemas respiratórios e de visão; contaminam o solo com descartes industriais; desalojam comunidades e exterminam a cultura e as vidas indígenas.
O comunicado da Fundação
Os membros do conselho administrativo da Fundação para o Prêmio Direitos Humanos e Empresas — Christopher Avery, Regan Ralph e Valeria Scorza — relataram em um comunicado conjunto:
Os defensores de direitos humanos da Justiça nos Trilhos e as comunidades locais com as quais trabalham têm sido alvo de vigilância e processos retaliatórios pela Vale.
Danilo Chammas, advogado da Justiça nos Trilhos, recebe o prêmio em nome da organização
Em declaração esclusiva ao Vatican News, o advogado ressalta a oportunidade histórica em que o prêmio é conferido e expressa também sua preocupação pelo temor de que no futuro próximo, os conflitos pela terra e a defesa do meio ambiente se agudizem no Brasil:
“Estamos muito honrados por termos sido escolhidos em meio a 14 organizações do sul global para receber este prêmio. Entendemos que este prêmio se estende não só a toda a nossa equipe de profissionais, mas especialmente a todas as associações comunitárias com quem trabalhamos no dia a dia no Brasil, no projeto de mineração Carajás, nos estados do Maranhão e do Pará”.
“Neste momento, entendemos como imprescindível valorizar, reforçar, apoiar o trabalho que muitas organizações como a nossa têm feito na Amazônia brasileira na defesa da terra, do meio ambiente, do modo de vida tradicional das comunidades que habitam este espaço, sobretudo considerando as tendências de um aumento da exploração destes espaços para o agronegócio, a mineração e outros empreendimentos... conforme já anunciado pelo novo Presidente que tomará posse em 1º de janeiro. Certamente é muito importante valorizar o trabalho destas organizações e apoiá-las na medida em que a tendência é que os conflitos aumentem e se agudizem nesta região”.
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