Passionistas celebram 300 anos de fundação
Ciro Benedettini - Cidade do Vaticano
Paolo Danei, aos vinte e seis anos, havia abandonado o comércio, renunicado a uma herança e se despedido da família. Em 22 de novembro de 1720, foi de encontro ao bispo Francesco Maria di Gattinara em Castellazzo Bormida, em Alexandria, para vestir o hábito de eremita.
Depois de tornar-se Paulo da Cruz, fechou-se em uma cela, que era o depósito das ferramentas da Igreja de São Carlos em Castellazzo, e ali permaneceu em retiro até primeiro de janeiro de 1721.
Quarenta dias como Jesus no deserto. Alimentando-se de pão e água, fornecidos por amigos através da única janela de frente para a rua, entre consolações e desolações, escreveu as Regras dos Pobres de Jesus, a Congregação que tinha em mente fundar, in nuce dos Passionistas.
Em seu diário, registra: "Escrevia tão rápido como se houvesse alguém na cátedra para me ditar”.
Passaram-se alguns anos de viagem, dificuldades, fracassos, provações, antes de obter do Papa Bento XIII em 1725 a permissão vivae vocis oraculo para "reunir companheiros" e conseguir construir o primeiro "retiro" em 1737 no Monte Argentario.
Mobilização espiritual
Os passionistas consideram 22 de novembro de 1720 a data de nascimento de sua Congregação e se preparam para celebrar o terceiro centenário da fundação. O anúncio foi feito pelo padre Joachim Xavier Rego, o Superior Geral recém reeleito para um segundo mandato, durante as primeiras Vésperas da festa do fundador São Paulo da Cruz, em 18 de outubro passado, pedindo a mobilização espiritual de toda a família passionista, que também inclui uma Congregação monástica, cinco institutos femininos e movimentos leigos.
Memória da Paixão de Jesus
Padre Rego fez questão de logo frisar, que o centenário "não é a celebração da nossa grandeza e de nossos sucessos, mas sim a celebração das bênçãos de Deus concedidas ao longo desses três séculos e da fidelidade de inúmeros passionistas, que não obstante suas fraquezas e fragilidades humanas, com a oferta da própria vida e com sua missão, mantiveram viva a memória da paixão de Jesus como ato generoso e concreto do amor de Deus" pela humanidade.
O Superior Geral acrescentou que esta recorrência tricentenária não deve reduzir-se a uma simples comemoração histórica, a ocasião de colocar alguma lápide ou erigir um memorial, mas é o momento de crescimento espiritual, para aprofundar e atualizar o carisma de São Paulo da Cruz, fortalecer a identidade passionista, relançar o apostolado e dar à Congregação um rosto evangélico, belo e atraente.
Fidelidade criativa
A Congregação passionista envelhece e diminui em áreas históricas (Europa, América do Norte, Austrália) e cresce na Ásia e na África; está em equilíbrio na América Latina. Tem necessidade de reorientar-se a fim de renovar em "fidelidade criativa" o carisma passionista, que se resume nas palavras do fundador "manter viva no povo a memória da Paixão de Jesus Cristo", porque - acrescentava Paulo da Cruz - "a paixão é a maior e mais maravilhosa obra do amor divino e o remédio para todos os males”.
Jubileu
Por esta razão, o Superior Geral anunciou que pedirá um Jubileu Especial passionista para o aniversário de trezentos anos, sugerindo para ele o tema: "Renovar a nossa missão: gratuidade, profecia, esperança”, assim explicando: “O 'quem somos' e 'o que fazemos' estão interligados” e por isto “renovar a nossa missão” comporta a renovação da vida em comunidade, porque – concluiu padre Rego – a atividade apostólica é uma expressão da vida comunitária", ou melhor ainda, a vida fraterna em comunidade é a primeira forma de apostolado. (L’Osservatore Romano)
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