Padre Cosme Ombato Ondari  é o segundo sacerdote morto no país africano nos últimos quatro meses Padre Cosme Ombato Ondari é o segundo sacerdote morto no país africano nos últimos quatro meses 

Sacerdote assassinado na República de Camarões

O assassinato do padre Cosme Ombato Ondari ocorreu no povoado de Kembong, Diocese de Mamfe. Ele é o segundo sacerdote assassinado no país africano em quatro meses.

Roberta Gisotti - Cidade do Vaticano

O Padre Cosme Ombato Ondari, originário do Quênia, foi morto a tiros na quarta-feira, 21, no sudoeste de Camarões, região de língua inglesa palco de um conflito armado entre o exército e os separatistas do movimento South Cameroon Ambazonia United Front.

No país, conflito civil entre separatistas de língua inglesa e o governo

 

O assassinato do sacerdote de 30 anos, ordenado no ano passado e pertencente à Sociedade Missionária de São José de Mill Hill, ocorreu no povoado de Kembong, perto da cidade de Mamfe, no Condado de Manyu.

 

A dinâmica do crime ainda não está clara, mas algumas fontes locais alegam que ele foi morto durante uma operação das forças de segurança camaronesas contra milicianos separatistas.

Assassinato em frente à Igreja de São Martinho de Tours

 

Alguns soldados, a bordo de veículos militares, teriam disparado contra o sacerdote, vigário da paróquia de São Martinho de Tours em Kembong, enquanto estava nas proximidades de sua igreja.

Por enquanto, outros detalhes não são conhecidos. Em 20 de julho outro sacerdote já havia sido assassinado, padre Alexander Sob Nougi, pároco em Bomako, distrito da cidade de Buéa, e secretário para a Educação católica da diocese.

A denúncia da Igreja dos Camarões: violência desumana

 

Camarões é martirizado por um conflito entre as populações francófonas e anglófonas, como denunciado em maio passado pela Conferência Episcopal do país africano, em uma carta pública onde se condenava "a violência desumana, cega, monstruosa e uma radicalização das posições", em andamento nas Províncias de língua inglesa.

É por isso que os bispos camaroneses pediram "uma mediação para sair da crise e poupar o país" de uma guerra civil inútil e sem fundamento".

Há anos essas Províncias, ex-colônias britânicas, unidas a Camarões após a independência conquistada em 1960, reivindicam maior autonomia. E a partir de 2016, as manifestações de descontentamento tornaram-se mais frequentes, até que as grupos mais extremistas, em 1 de outubro de 2017, declararam a independência das duas Províncias de língua inglesa - no sudoeste e noroeste - de Camarões e o nascimento da República da Ambazônia.

Mais de 400 mil os deslocados e refugiados no exterior

 

Diante dessa situação, o governo francófono de Yaoundé reagiu, enviando militares e policiais para reprimir qualquer forma de dissidência. Em todo o país - segundo ONGs locais - já haveria centenas de vítimas por causa dessa rebelião: mais de 200 entre os militares governamentais e mais de 500 entre os civis, enquanto os deslocados seriam quase 450 mil, algumas dezenas de milhares fugiram para o estrangeiro.

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22 novembro 2018, 13:22