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Epifanyj é o Primaz da nova Igreja Ortodoxa da Ucrânia

A criação de uma Igreja Ortodoxa ucraniana foi aprovada durante o Sínodo realizado em Kiev, que também elegeu o metropolita Epifanyj como Primaz e os estatutos da nova Igreja independente de Moscou. O Patriarca Kirill havia protestado na véspera, com carta enviada a líderes mundiais, incluindo o Papa Francisco.

Cidade do Vaticano

Representantes das Confissões ortodoxas ucranianas, reunidos em um Sínodo, aprovaram neste sábado, 15, a criação de uma Igreja independente da tutela religiosa de Moscou, uma decisão voltada a garantir a “segurança” e a independência espiritual da Ucrânia. O anúncio foi feito diante de uma multidão de apoiadores, reunidos no centro da capital Kiev, pelo presidente do país Petro Poroshenko.

O Sínodo, reunido na Catedral de Santa Sofia sob a presidência do metropolita Emmanuel de Gallia, elegeu o metropolita Epifanyj como Primaz da nova Igreja independente, a 15ª Igreja Ortodoxa no mundo. Agora ele irá a Istambul para receber das mãos do Patriarca Bartolomeu o tomos, ou seja, a atestação formal da autonomia.

 

Durante a Assembléia, que reuniu a hierarquia eclesiástica das Igrejas Ortodoxas independentes do Patriarcado de Moscou, também foi aprovado o estatuto da recém nascida Igreja nacional.

Biografia de Epifanyj

 

O recém-eleito primaz assumiu o título de metropolita de Kiev e de toda a Ucrânia, não o de patriarca. Epifanyj nasceu em 3 de fevereiro de 1979 no povoado de Volkovo, Província de Ivanovsk, na região de Odessa, em uma família de operários. Em 1999 concluiu o seminário de Kiev e em 2004 a academia teológica do patriarcado, com licenciatura em teologia.

Ele proferiu os votos monásticos em 2007, e após um período de estudos e prática monástica na Grécia, tornou-se secretário do patriarca Filaret (Denisenko). Em 2009 foi consagrado bispo de Vyshgorod, tornando-se metropolita em 2013. Entre os papéispor ele desempenhados estão a administração das paróquias da região de Kiev, a direção da Academia Teológica e do Comitê para os estudos do Patriarcado.

Segundo os estatutos aprovados, a nova Igreja será autocéfala, isto é, independente de todas as outras Igrejas locais, inclusive a de Moscou, que de qualquer forma não reconhece a canonicidade desta eleição. Será governada pelo Concílio da Igreja local, guiado por sua vez por um Sínodo permanente formado pelo primaz junto a12 bispos.

Patriarca Kirill

 

O Patriarca de Moscou e Toda a Rússia, Kirill, havia enviado na sexta-feira um apelo ao Papa Francisco, aos líderes das Igrejas cristãs, aos governos da França e da Alemanha e às Nações Unidas para sinalizar a interferência do Estado ucraniano na Igreja Ortodoxa de Kiev e pedir respeito pela liberdade religiosa.

Em sua mensagem, o Patriarca Kirill fala do risco de "perseguição", em referência à parte do episcopado ucraniano ligado a Moscou que recusava-se a participar do Sínodo realizado neste sábado.

A carta de Kirill é longa e detalhada e menciona alguns eventos que ocorreram em detrimento da Igreja Ortodoxa Ucraniana vinculada à Rússia, como a tentativa das autoridades ucranianas de usar as grutas de Kiev e Pochaev Lavras, principais locais sagrados da Ucrânia ortodoxa.

Temendo a violação dos direitos e liberdades dos cristãos ortodoxos próximos a Moscou, o Patriarca Kirill dirigiu-se ao Papa Francisco, ao arcebispo de Cantuária Justin Welby, líder da Comunhão Anglicana, ao rev. Olav Fykse Tveit, secretário geral do Conselho Ecumênico de Igrejas, a António Guterres, secretário-Geral das Nações Unidas, bem como ao Chefe de Estado francês Emmanuel Macron e à chanceler alemã, Angela Merkel, pedindo a eles "para defenderem a liberdade de consciência e de religião garantida pelo direito internacional".

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17 dezembro 2018, 09:39