REPAM: “Não é possível ficarmos indiferentes à situação de conflitos”
Cidade do Vaticano
O último final de semana ficou marcado, em Colniza/MT, por mais um ataque a camponeses. Na manhã de sábado, um grupo de trabalhadores que vive dentro da Fazenda Agropecuária Bauru, conhecida como Fazenda Magali, foi atacado por pistoleiros, deixando um morto e outros nove feridos, três delas em estado grave. Em nota, a Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM manifestou solidariedade às famílias e a dom Neri José Tondello, bispo da diocese de Juína/MT, que compreende o município de Colniza.
De acordo com o texto, assinado pelo arcebispo emérito de São Paulo/SP e presidente da REPAM, cardeal Cláudio Hummes, e pelo bispo emérito do Xingu/PA, dom Erwin Kräutler, não é possível ficar indiferentes “à situação de conflitos que tem se agravado na Amazônia, a partir do fortalecimento de ideias persecutórias aos camponeses, indígenas e outros povos tradicionais. O que resulta em ataques covardes, desrespeito ao meio ambiente e indiferença estatal”.
Confira o texto na íntegra:
Nota da REPAM sobre a tentativa de chacina em Colniza-MT
Serás libertado pelo direito e a pela justiça. (Isaías 1, 27)
Os conflitos fundiários na Amazônia continuam a fazer vítimas e reforçar situações de injustiça. No último sábado, 5 de janeiro, o ataque a um grupo de camponeses, que ceifou a vida de Eliseu Queres e feriu outras nove pessoas, colocou mais uma vez em destaque o município de Colniza, no noroeste de Mato Grosso, por conta da terra.
A Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil manifesta sua solidariedade às famílias destes camponeses que têm sido ameaçados há meses. Também informamos nossa disponibilidade ao Bispo Diocesano de Juína/MT, Dom Neri Tondello, com quem pretendemos continuar contribuindo no fortalecimento da defesa da vida.
Não é possível, no entanto, ficarmos indiferentes à situação de conflitos que tem se agravado na Amazônia, a partir do fortalecimento de ideias persecutórias aos camponeses, indígenas e outros povos tradicionais. O que resulta em ataques covardes, desrespeito ao meio ambiente e indiferença estatal.
Além de trabalhadores do campo, as dez vítimas do atentado faziam parte de movimentos sociais ligados à defesa e luta pela terra. Isso indica uma possível tentativa de enfraquecer grupos contrários às práticas de grilagem de terras públicas e de exploração por parte de grupos político-econômicos que macula a vida e os direitos sociais e humanos.
Neste momento de tristeza, entregamos ao Sagrado Coração de Jesus a alma de Eliseu Queres, pendido a intercessão de Nossa Senhora para que seja restabelecida a saúde dos outros nove camponeses. À luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, queremos continuar nos empenhando no apoio às lutas pela regularização fundiária e demarcação dos territórios dos povos e comunidades tradicionais.
Brasília, 7 de janeiro de 2019
Cardeal Cláudio Hummes
Presidente da REPAM
Dom Erwin Kräutler
Presidente da REPAM-Brasil
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