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Imoral e desumano queimar ajudas, diz bispo venezuelano

Ajudas humanitárias foram impedidas de ingressar sábado em território venezuelano. Os ativistas foram reprimidos pelas forças leais a Maduro. Dom Moronta fez um apelo ao exército para não atirar contra povo.

É um ato "imoral" e "desumano" queimar a ajuda humanitária: esta é a forte denúncia lançada nessas horas por Dom Mario Moronta, bispo de San Cristóbal e vice-presidente da Conferência Episcopal da Venezuela.

Ajudas bloqueadas e vítimas em confrontos

 

As ajudas internacionais que chegaram na fronteira da Venezuela com a Colômbia e Brasil foram impedidas de entrar por ordem de Maduro, que acusou os EUA de interferirem nos assuntos internos do país. Os ativistas tentaram forçar os pontos de controle dos militares, mas foram reprimidos. Dois dos dez veículos com ajuda humanitária foram incendiados na ponte que liga Colômbia e Venezuela. Dezenas de pessoas ficaram feridas nos confrontos.

Este domingo marcou o terceiro dia de confrontos entre manifestantes e as forças armadas venezuelanas na fronteira com o Brasil, onde já foram registradas cinco mortes: duas na sexta-feira e outras três no sábado. Mas este número pode ser bem maior, segundo algumas fontes. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, se disse "chocado" com as mortes, e lançou neste domingo mais um apelo à moderação e que seja evitada toda a violência.

Dois caminhões que saíram de Boa Vista, Roraima, no sábado,  tentaram chegar à Venezuela mas foram obrigados a voltar após passarem horas parados próximos à fronteira.

Confrontos também foram verificados na fronteira entre Venezuela e Colômbia. Um ônibus foi incendiado na cidade fronteiriça de Urena.

Apelo aos militares: não atire no seu povo

 

Dom Moronta afirmou que o apelo dos bispos às autoridades para que fosse permitida a entrada das ajudas não foi ouvido. "Em nome de Deus, não levantem a voz nem ataquem com armas que tenta fazer o bem” do país, exortou.

O prelado pediu com veemência o exército e a polícia “para agirem de acordo com a Constituição e a lei" e a "não disparar contra o povo", porque - afirmou - "também vocês são povo”:  "respeitem, protejam" o seu povo.

O sangue de irmãos - continuou ele - "clama por justiça diante de Deus", "cesse a violência entre nós", "não matem os irmãos do mesmo povo", a Igreja "pede  a vocês unidade" e "coexistência pacífica".

Dom Moronta também expressou sua solidariedade aos povos indígenas "perseguidos, desprezados", "mortos e feridos" nos confrontos nos últimos dias na fronteira com o Brasil.

Juan Guaidó: todas as opções para libertar a Venezuela

 

Por seu turno, o presidente da Assembleia Nacional Juan Guaidó, que assumiu a presidência interina do país, anunciou que na segunda-feira se reunirá em Bogotá, Colômbia, com o vice-presidente estadunidense Mike Pence e outros líderes do chamado "Grupo de Lima", organização que inclui muitos países do continente americano, incluindo o Brasil, e solicitará formalmente à comunidade internacional que mantenha todas as opções disponíveis para libertar a Venezuela.

 

 

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24 fevereiro 2019, 14:08