A vocação do homem público à luz dos ensinamentos de Francisco
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Conclui-se nesta sexta-feira em Marianela, no Paraguai, o encontro de católicos com responsabilidades políticas, promovido pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e pela Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL). Com participantes da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, a iniciativa oferece uma oportunidade ímpar de diálogo entre políticos católicos e bispos. Entre os temas tratados, a importância da formação e a política como “serviço”.
Um dos participantes do encontro é o vereador de Porto Alegre Matheus Ayres, uma liderança no meio católico gaúcho, e que também é repórter. Um de seus entrevistados, foi o Dr. Hugo José Sarubbi Cysneiros Oliveira, assessor jurídico-civil da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB):
“Esse evento nos mostra o quão universal e literalmente católica é a Igreja. Vemos aqui pessoas de países diferentes, culturas diferentes, histórias distintas, mas com as mesmas preocupações, todas elas centradas nos mesmos princípios, compartilhando os mesmos desafios e angústias. E também dividindo a alegria que é poder pregar a palavra, que é poder se orgulhar e chegar a quem dela mais precisa – que são os mais necessitados de várias ordens, não só de ordem material, mas também de ordem espiritual - enfim, prezando pelo protagonismo do qual a Igreja não pode abrir mão. Então eu sou muito agraciado por estar aqui compartilhando esses momentos, inclusive com o vereador Matheus, que também abrilhanta com a sua presença, e estamos prontos para colocar mãos-à-obra.”
Os grupos de partilhas com debates e discussões, e que reúnem cardeais, bispos, sacerdotes e políticos de diversos países é uma das riquezas deste encontro. Sobre isto e sobre as impressões do encontro, falou ao Matheus o Padre Maurício Cruz, de São Paulo:
“Matheus, é um prazer falar com os ouvintes da rádio que nos acompanham neste encontro tão maravilhoso e único, que está sendo promovido na América Latina, para discutir a vocação do homem público, da política pública, da vida pública, e trazer isto para a reflexão, para a oração de quem tem fé. Isto é muito bom, isto é maravilhoso! Então a gente está refletindo sobre as orientações do Papa do Papa Francisco para o homem público, ou seja, para os políticos, aquele que tem responsabilidade pública. E compreendendo esta responsabilidade como serviço, trazendo aquela ideia de uma atenção especial, preferencial, por aqueles que se encontram desamparados e que a Igreja na América Latina trabalha na concepção da pobreza, trazer para o centro aquele que se encontra isolado, que se encontra marginalizado. E pensar que todos nós em algum momento da vida nos encontramos nesta condição. Então a partir deste momento que a gente se considere marginalizado, a gente possa sentir um apoio da Igreja, e sentir do homem e da mulher públicos este apoio enquanto católicos. Então pensar que todos nós podemos passar por esta realidade, todos nós temos muitas pessoas objetivamente pobres a quem temos que estender as mãos e que é juntos que a gente vai construir a ideia de pátria, a ideia de nação, passando pela participação, passando por uma democracia construída valorizando as raízes de cada um de nós como parte integrante dos nossos países, da América Latina e como parte integrante dos diversos Estados destes países. Que também em si já tem suas diferenças próprias, seja pela geografia, seja pela população que constitui a cultura e o modo de viver de cada um dos nossos Estados, no caso do Brasil, dedicado a muitos Estados destes países latino-americanos. Então para nós é uma riqueza inestimável este encontro”.
Outro político brasileiro presente no encontro realizado no Paraguai é o vereador Jorge Pinheiro, de Fortaleza (CE), consagrado da Comunidade Shalom, e que fala ao Matheus das suas impressões do encontro:
“Está fantástico, principalmente por esta interação crescente da Igreja com os políticos. É indiscutível a necessidade dos nossos pastores nos ouvirem e também de nós que temos esta responsabilidade política de sermos ouvidos, principalmente no que diz respeito à necessidade que nós temos de um maior apoio da Igreja a nível de formação, a nível de cursos, de cuidados, de orientação, para que a gente não cometa tantos erros. Nós queremos servir o bem comum, nós queremos servir a nossa população, nós estamos atrás de melhorar a vida daqueles que nós representamos, da nossa cidade, mas muitas vezes no afã também de querer fazer coisas boas, a gente também comete erros, e muitas vezes é uma falta de formação - não quero dizer aqui com os erros no âmbito legislativo, aí a gente precisa de orientação para tal - mas às vezes até em termos de posicionamentos, daquilo que nós precisamos dar respostas ao povo que nos procura e respostas que não sejam simplesmente “porque é assim”, mas respostas que possam de fato satisfazer a sede que as pessoas tem de verdade, da verdade, e é esse o contributo que nós queremos, precisamos dar e para tanto precisamos do apoio. É isso que a gente tem vivido aqui, que é fantástico, muitas coisas boas vão surgir deste encontro para a nossa América Latina.”
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