Sétimo dia de trabalhos da 57ª Assembleia Geral da CNBB em Aparecida
Silvonei José - Aparecida
Nesta terça-feira, como nos dias passados as atividades tiveram início com a Santa Missa no Santuário Nacional. A celebração desta manhã foi dedicada aos bispos falecidos e presididada por Dom Frei Dario Campos, OFM, arcebispo da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo.
O arcebispo de Belo Horizonte (MG), dom Walmor de Olveira Azevedo, foi eleito na tarde desta segunda-feira, 6 de maio, como presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O novo presidente foi escolhido pelos episcopado brasileiro no terceiro escrutínio, após receber a maioria absoluta de votos do total de 301 bispos votantes.
Como manda o Estatuto da CNBB, o até então presidente Cardeal sergio da Rocha perguntou a dom Walmor se aceita ser presidente. “Aceito com humildade, aceito com temor e aceito à luz da fe”, foram as primeiras palavras que ele dirigiu à plenária da 57ª. Só à luz da fé, segundo dom Walmor, será possível recuperar a força da colegialidade da Igreja no Brasil a partir de uma escuta muito profunda dos irmãos e do povo de Deus. Ele pediu a Deus que não falte sabedoria para assumir este serviço.
Nascido em 26 de abril de 1954, dom Walmor é natural de Côcos (BA). É o primeiro baiano a estar à frente da CNBB. O novo presidente da Conferência é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma, Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico (Roma, Itália).
Eis as primeira palavras de Dom Walmor à imprensa presente em Aparecida…
O arcebispo de Porto Alegre (RS), dom Jaime Spengler, foi eleito na desta segunda-feira, como primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O primeiro vice-presidente foi escolhido no terceiro escrutínio por maioria. O cardeal Sergio da Rocha fez a mesma pergunta a dom Jaime Spengler se aceita esta missão à ele confiado. “Com temor e tremor, acolho”, disse dom Jaime.
Também foi escolhido o segundo vice-presidente: trata-se de dom Mario Antônio da Silva, Bispo de Roraima.
O episcopado brasileiro, através de voto secreto, elegerá ainda o secretário-geral, os presidentes das Comissões Episcopais Pastorais e seus representantes junto ao Conselho Episcopal Latino-americano (Celam).
Foram instaladas 17 urnas eletrônicas no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, local onde é realizada a 57ª Assembleia Geral da CNBB. Os equipamentos foram testados por todos os bispos no último sábado, 4. As urnas, com um sistema desenvolvido pelo Departamento de Tecnologia da Informação da CNBB, foram idealizadas para rodar em plataforma web, conectada a um servidor de banco de dados.
Entretanto, as Novas Diretrizes Gerais da Ação Evagelizadora da Igreja no Brasil para o próximo quadriênio (2019 a 2023), após intenso processo de debate e acréscimos dos bispos, foram aprovadas na manhã de ontem, segunda-feira pelos participantes da 57ª Assembleia Geral.
O padre Manoel de Oliveira Filho, membro da Comissão do Texto Central sobre as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023) falou ao portal da CNBB sobre o caminho que as novas diretrizes propõem à Igreja no Brasil.
Segundo ele, o central nas Novas Diretrizes é mais uma vez um novo chamado de retorno às fontes para olhar a experiência das comunidades primitivas e inspirados por elas formar, no hoje da história e na realidade urbana, comunidades eclesiais missionárias.
“Que essas comunidades eclesiais missionárias tenham jeito de casa, de acolhida, não uma coisa estática de paredes simplesmente, ou da estrutura física. Mas, acima de tudo as diretrizes falam de um jeito de ser, de uma postura que lembre, evoque a ideia da casa que acolhe, que é espaço de ternura e misericórdia”, disse.
Os quatro pilares
Padre Manoel reforça que a casa é onde as pessoas são identificadas pelo nome, pelo jeito, onde têm história. Na proposta das diretrizes, lembrou o religioso, a casa é sustentada por quatro pilares essenciais: a) Palavra de Deus e a iniciação à vida cristã; O pilar do Pão que é a casa sustentada pela liturgia e sobre a espiritualidade; o pilar da Caridade que é a casa sustentada sobre o acolhimento fraterno e sobre o cuidado com as pessoas, especialmente os mais frágeis e excluídos e invisíveis; o pilar da Missãoporque é impossível fazer uma experiência profunda com Deus na comunidade eclesial que não leve, inevitavelmente, à vida missionária.
A realidade urbana, fragmentada, carregada de luz e de sombras, mas também cheia de potencialidades, é definida pelo padre muito mais do que um lugar social geográfico mas como uma mentalidade e cultura. “Nesta realidade a Igreja é convidada a ser presença. Como casa. Como comunidade eclesial missionária”, reafirmou.
A diretrizes, segundo ele, apontam para um rumo muito bonito, porque partem de uma perspectiva de encontro com Deus e com os irmãos, numa dinâmica de acolhida, de portas abertas, de ir ao encontro, de espera e acolhida ativa para formar as comunidades.
As Igrejas e comunidades são convidadas, segundo o que propõe as novas diretrizes, a serem luzeiros no meio do mundo. O religioso afirmou que as comunidades podem estar em qualquer lugar: no condomínio, numa praça, no trabalho. “Mas também nas paróquias, comunidades, nos colégios católicos, nas obras sociais”, disse.
“As novas diretrizes apontam para rumos e horizontes muito bonitos de avanço, de comprometimento apostólico e de comprometimento profético-transformador”, destacou.
Segundo ele, a profecia não se dá apenas pela denúncia, embora seja fundamental hoje mais do que nunca, mas também pelo anúncio de um jeito novo de ser e de viver. “Os rumos são os mais bonitos, basta a gente entrar nesta história e caminho”, disse.
Após a assembleia, o religioso aponta que todas as instâncias, as pastorais e organismos, e as Igrejas particulares, toda vida eclesial precisam entrar mesmo neste rumo, na direção apontadas pelas Diretrizes. “Seguir este caminho, acreditar no projeto e proposta. Vamos todos precisar, como todo a vida de Igreja, fazer um caminho de conversão, ler estudar, colocar na mente e descer para o coração para transformar em realidade”, disse.
A CNBB apresenta diretrizes mais gerais, não apresenta um plano; Após a assembleia, segundo padre Manoel, o plano deve ser feito por cada instância da Igreja nas diferentes realidades. “Se a gente acredita no projeto vamos encontrar um caminho para que ele se torne real”, concluiu.
Mês Missionário Extraordinário
Ainda no dia de ontem a Missa de início dos trabalhos da Assembleia foi presidida pelo bispo da diocese de Chapecó (SC), dom Odelir José Magri, em ação de graças pelo Mês Missionário Extraordinário (MME), proclamado pelo papa Francisco para ser realizado em outubro deste ano.
O objetivo do MME, que terá como tema Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo, é “despertar em medida maior a consciência missio ad gentes e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral”.
Em sua homilia, dom Odelir José Magri que é coordenador do Grupo de Trabalho do MME 2019, refletiu o Evangelho que fala da necessidade e procura das pessoas por Jesus. “Há algo Nele que os atrai, mas ainda não sabem exatamente porquê o procuram e nem para que? ”, destacou.
Dom Odelir refletiu ainda sobre a pergunta que o próprio Jesus faz no Evangelho pergunta: procurais porque comestes pão e ficastes saciados? e citou o sociólogo conhecido Betinho “quem tem fome tem pressa”.
Ao final da Missa, os bispos referenciais para Ação Missionária dos 18 regionais da CNBB receberam a cruz missionária do 5º Congresso Americano e o material de trabalho. Cada arquidiocese e diocese do Brasil já recebeu o guia e a bandeira que fazem parte do kit do MME.
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