Cardeal Sako: desejo do Papa de vir ao Iraque é um apoio extraordinário
Giada Aquilino/Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano
“Todos aqueles que encontramos pelas ruas, muçulmanos e cristãos, mostraram grande alegria.” O patriarca de Babilônia dos Caldeus, cardeal Louis Raphaël I Sako, falou sobre a reação das pessoas, no Iraque, depois do anúncio do Papa Francisco, nesta segunda-feira (10/06), aos participantes da plenária da Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais (Roaco), em que manifestou o desejo de ir ao Iraque, no próximo ano.
A alegria dos iraquianos
Contatado telefonicamente em Erbil, onde participou do juramento do presidente do Curdistão iraquiano, Netchirvan Barzani, o patriarca Sako disse que estava na inauguração de um salão na diocese, em Ankawa, quando soube e comunicou a notícia aos presentes.
“Havia quase quinhentas pessoas” que ao ouvirem o que o Papa Francisco disse, “aplaudiram à maneira iraquiana, dizendo ‘aleluia, aleluia’. Para eles é um apoio extraordinário” a visita do Pontífice.
“No próximo domingo”, disse o purpurado, “pedirei a todos os nossos sacerdotes para rezar durante a missa por essa visita. É a primeira vez na história que um Papa vem ao Iraque. O Governo também esperava essa visita, bem como a população”, as pessoas comuns.
Uma nova mentalidade de paz
O Papa deseja que no Iraque haja uma participação “pacífica e partilhada” na construção do bem comum “de todos as componentes religiosas” da sociedade.
“O homem precisa ser construído”, refletiu dom Sako: “A construção material vem depois”. “Há necessidade”, acrescentou ele, “de uma formação sólida, de abertura e respeito recíprocos pela vida, a paz e a natureza. Acredito que a visita do Papa abrirá a porta para uma nova mentalidade, uma nova cultura, conforme aconteceu quando ele foi à Jordânia, aos Emirados Árabes Unidos, Egito e Marrocos. Acredito que a mensagem será muito forte”.
Superado o rancor
Embora ainda estejam ativas as células jihadistas do Estado islâmico, a situação no terreno “melhorou”, relatou o patriarca. “No Curdistão a segurança é quase absoluta” e também em Bagdá “as pessoas sofrem menos e levam uma vida normal”. Até mesmo para os cristãos, durante anos obrigados a fugir, as condições são diferentes. O incentivo à “discriminação contra eles cessou”, frisou dom Sako. “Formamos um comitê de diálogo entre cristãos e muçulmanos, xiitas e sunitas, e outros, trabalhando por dois anos. Esse discurso de ressentimento realmente desapareceu”, sublinhou.
Tensões entre Irã e EUA
Francisco reza para que o Iraque não caia em tensões que vêm dos “intermináveis conflitos das potências regionais”. “Teme-se”, explicou o cardeal Sako, “de que a tensão entre o Irã e os Estados Unidos leve a uma guerra”, com repercussões regionais.
“Esperamos que não”, afirmou o patriarca, lembrando que “a posição do Governo iraquiano é prudente” e esperando que “os iranianos escolham dialogar com os americanos, pois eles sabem muito bem o que significa uma guerra”.
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