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Em Manágua, ruas de acesso à Catedral tomadas pela polícia. Em León, fiéis apedrejados

Durante a Missa pelo primeiro aniversário do assassinato do coroinha Sandor Dolmus, verificaram-se atos de violência na Catedral de León: fiéis foram apedrejados. Já em Manágua, as vias de acesso à Catedral estavam tomadas pela polícia.

Cidade do Vaticano

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) instou o Estado da Nicarágua a garantir a integridade de mais de cem pessoas que participaram de uma Celebração Eucarísitca na Catedral de León, e que foram atacadas por civis.

Locais de culto novamente desrespeitados

 

Os eventos relatados ao Vatican News pelo porta-voz da Catedral, padre Víctor Morales, indicam que grupos de partidários do governo estavam reunindo-se do lado de fora do templo.

Na conclusão da celebração, contou o sacerdote, como alguns paroquianos carregavam bandeiras nacionais, os partidários do governo começaram a cercá-los e a lançar pedras, ferindo algumas pessoas e gerando confusão e nervosismo dentro da Catedral. Como os fiéis estavam com medo de sair, o bispo Dom Bosco Vivas Robelo,  após falar com a polícia, passou a acompanhá-los até ruas próximas, já que quase toda a cidade estava sitiada.

Informações confirmadas pela mídia local, como o Nuevo Diario, indicam que "simpatizantes do governo atacaram com pedras na tarde de sábado os fiéis que estavam na Catedral para participar da Missa celebrada por ocasião do primeiro aniversário da morte do coroinha Sandor Dolmus, baleado no peito durante os protestos contra o governo". Durante a celebração foi cantado o hino nacional e carregada a bandeira nacional.

Declarações do Cardeal Leopoldo Brenes

 

O cardeal arcebispo de Manágua, Dom Leopoldo Brenes, manifestou sua tristeza com o ocorrido: “É triste que entre nós nicaraguenses, não possamos usar o diálogo como parte de um processo de convivência. Acredito que a violência gera violência, e neste sentido, tenho estado próximo de Dom Bosco, que expressou seu pesar ao ver que depois de uma Eucaristia, houve essas tensões entre irmãos de León. Que possamos ser inspirados pelo Espírito Santo, que é sinal de unidade que sempre nos leva à verdade”.

Em mensagem publicada na conta twitter da CIDH, é acrescentado que "as denúncias indicam que o ataque não teria sido impedido pela Polícia Nacional da Nicarágua". O que é confirmado

por relatos de pessoas que preferiram o anonimato: havia muitos policiais ao redor da Catedral de León, mas "não fizeram nada para evitar a violência de grupos de civis".

A Basílica está incluída na Lista do Patrimônio Mundial da Humanidade e localizada a 90 quilômetros a noroeste de Manágua.

Catedral de Manágua cercada

 

Desde as primeiras horas da manhã de domingo, 16, as principais vias de acesso à Catedral de Manágua foram ocupadas pela Tropa de Choque e pela Direção de Operações Especiais da Polícia, relatou a Agência EFE.

Dezenas de patrulhas, cheias de policiais, eram especialmente visíveis no perímetro próximo à Basílica, localizada no novo centro da capital nicaraguense.

No local, foi celebrada uma Missa de Ação de Graças pela libertação de alguns presos políticos, muitos deles pertencentes à União dos Presos Políticos da Nicarágua (UPPN), formada por opositores do governo de Daniel Ortega.

Declarações do cardeal Brenes

 

Este cerco deve acabar, disse o cardeal Brenes. "Só provoca tensões e violência. A Igreja não é por nenhum partido político, e nenhum bispo está interessado no poder do país".  

Em suas declarações, o purpurado insistiu no diálogo e no fim da violência. "Como pede o Santo Padre, é o único caminho para resolver os problemas. Para existir diálogo, deve haver confiança, sinceridade e ações concretas para seguir em frente. Nosso grande poder é a oração e anunciar a missão de Jesus Cristo”.

Sobre a libertação de presos políticos

 

O grupo de 56 detidos libertados na última terça-feira incluiu os principais líderes da oposição, como o agricultor Medardo Mairena, a comerciante Irlanda Jerez, o estudante Edwin Carcache, e os jornalistas Miguel Mora e Lucia Pineda.

Embora o governo tenha afirmado tratar-se de um sinal de "reconciliação", os "prisioneiros políticos" libertados argumentam que eles não foram beneficiados pela Lei de Anistia, já que protestar não é um crime na Nicarágua.

A Missa organizada pela UPPN também serviu para "exigir a libertação imediata" de mais de 85 "presos políticos" que são mantidos em cárceres nicaraguenses, segundo o grupo.

A esse respeito, o cardeal Leopoldo Brenes declarou a jornalistas “a libertação dos privados de liberdade traz alegria não apenas às famílias. Lamentavelmente, muitos dos prisioneiros não gozam de plena liberdade, mas por estarem com suas famílias, já é um emotivo de alegria”.

“Oxalá os 85 presos políticos sejam libertados! Oxalá a Cruz Vermelha tente negociar o diálogo com as partes, para que também eles possam levar alegria para as mães e pessoas próximas.”

 

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17 junho 2019, 13:30