Em Ars, se sente a santidade de um homem que viveu totalmente para Deus
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
“O Cura d’Ars tem um gesto de quando ele chega, ele pergunta...estava neblina, estava nublado, estava difícil de enxergar, ele se perdeu um pouco no caminho para chegar em Ars, perguntou para um pequeno pastor, para um pastorzinho: “Onde é Ars?” E o Antônio Chifre disse prá Ele: “Olha, você já está em Ars. Ars já é aqui”. Ele se abaixou e beijou o chão, para dizer que ele estava acolhendo a paróquia, o lugar que o recebia. Este gesto depois é imitado por João Paulo II , mais de cem anos depois, João Paulo II, onde ia, beijava o chão. João Paulo II, um grande Santo da Igreja, um grande Papa, imitando um grande homem da Igreja também”.
Ordenado sacerdote em 1815, São João Maria Vianney é enviado à pequena cidade de Ars em 1818. Sua pregação, mas sobretudo sua oração e seu estilo de vida, despertam a fé dos paroquianos. Sente-se pequeno diante da missão que tem a cumprir, mas deixa-se guiar pela misericórdia de Deus. Restaura a igreja e funda um orfanato. Isso é apenas o início de sua obra de santidade. Até hoje a pequena localidade na região francesa de Auvergne Rhône-Alpes, mantém sua simplicidade, e recebe mais de 450 mil peregrinos a cada ano.
“Você não vai encontrar aqui em Ars uma grande arquitetura, um grande lugar para ver, para tirar muitas fotografias. Mas você vai encontrar aqui em Ars um ar de santidade, um momento da graça de Deus que você sente em poucos lugares do mundo, que eu já vi”, nos conta padre Paulo Dalla Déa, natural da Diocese de São Carlos, onde foi ordenado e incardinado, e em missão fidei donum no Santuário de Ars.
Acolhida aos peregrinos lusófonos
Respondendo ao pedido do Papa Francisco aos Missionários da Misericórdia para darem continuidade à sua missão após o Jubileu Extraordinário - e do Santuário de Ars que tinha necessidade de três sacerdotes para atender confissões dos tantos sacerdotes e leigos que buscam este Sacramento em Ars - padre Paulo, com a aprovação de seu bispo, e depois de aprender um pouco de francês, partiu para a França, onde está há pouco mais de um mês.
“Eu atendo confissões durante o dia, tenho Missas e tenho a recepção dos peregrinos de língua portuguesa, lusófonos, que vem aqui para visitar. Tem uma comunidade portuguesa aqui por perto, em Jassans-Rottier, uma comunidade portuguesa significativa aqui na região. (...) Bem, eu atendo os peregrinos que falam português, espanhol...eu falo um pouco de espanhol.... Então recebo, faço visita guiada, mostro o que eu posso fazer, fico um pouco na acolhida, para os peregrinos que aqui estão, se sentirem bem, e se sentirem integrados, no Santuário.”
Simplicidade
Um local onde se respira santidade, diz Padre Paulo, ao explicar não tratar-se de um Santuário dentro de uma vila, “mas é uma vila, uma cidadezinha que é o Santuário”:
“O Santuário até hoje é uma igreja pequena, rústica, você olha não tem uma grande arquitetura, a igreja velha que é a parte onde o Cura d’Ars viveu, a casa onde ele viveu, é tudo muito rústico, tudo muito simples, mas aqui você sente a santidade deste homem que viveu totalmente para Deus e viveu totalmente para o seu povo. Você sente um homem de oração, você sente um homem preocupado com os problemas de sua época. Ele instituiu a Providência, que é uma instituição para abrigar as meninas órfãs. Um homem extremamente de oração, um homem extremamente delicado, um homem que sabia receber muito bem e tratar muito bem seus colegas padres. Tinha uma grande inteligência interpessoal. Podia não ter grande inteligência acadêmica, mas tinha uma inteligência interpessoal e uma espiritualidade extrema.”
Um local onde se respira santidade
E esta grande espiritualidade do Cura D’Ars, ultrapassa os limites do Santuário, impregnando toda a região:
“O Santuário é a prova do Cântico de Maria, do Magnificat. “Deus derrubou os poderosos de seus tronos e eleva os humildes.” Um homem que tinha tudo para ser desprezado pelo mundo, um homem baixinho, que não era bonito, mas um homem, que também não era sobretudo de uma inteligência acadêmica muito grande, mas um homem que se deixou guiar pela misericórdia de Deus e apostou que Deus não ia abandoná-lo. Ele não abandonou Deus e Deus nunca o abandonou. Ele foi mandado duas vezes embora do Seminário por dificuldades de aprendizado, de estudo, em latim, na Academia Teológica da época, mas perseverou, não abandonou Deus, perseverou no seu propósito, e se deixou guiar pela vontade de Deus. Foi mandado para uma vila muito pequena - Ars até hoje é pequena – na época dele tinha menos de 200 pessoas, quando ele morreu tinha 230, agora tem 3 mil pessoas. Cresceu muito, mas ainda é um lugar pequeno, mas é um lugar que você respira a santidade e o amor desse homem que era pequeno aos olhos de muita gente, mas foi grande aos olhos de Deus. Um homem que atraiu multidões por causa da misericórdia e do jeito que ele tinha de acolher as pessoas. Um homem que tinha uma inteligência fabulosa em matéria de relações interpessoais, um homem que amava Deus, amava o seu povo e amava o que fazia. Então um homem plenamente realizado”.
Local perfeito para um retiro
Uma santidade que atravessa os séculos. E entre os milhares de peregrinos atraídos ao local, há portugueses, brasileiros, angolanos, africanos e asiáticos que falam português, pelo quais padre Paulo ficou responsável em acolher: “Estou aqui para fazer a diferença e para atender com a maior boa vontade. Também fico à disposição de atender a confissão dos padres e leigos que falam português e aqui vem”, explicou, acrescentando:
“O que nós temos aqui: uma pequena igreja, que você percebe o ar de santidade que existe ainda nela, temos o relicário do Santo com o corpo incorrupto dele, que é um milagre e que é uma coisa fabulosa de se ver, um homem que a santidade foi tão grande que transbordou pelo corpo. Temos um Santuário aqui, de Santa Filomena que foi anexado, uma basílica, anexada à igreja antiga e ao relicário, temos a grande Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia, para as grandes celebrações aos domingos, e temos um lugar bucólico, lindo para fazer um piquenique, para estar com a família, para rezar, temos a casa do Cura d’Ars também e temos um lugar ótimo. Toda a região aqui vem para fazer retiro com as crianças da Primeira Comunhão e os adolescentes da Crisma. Aqui é um lugar perfeito para um padre passar alguns dias, para um leigo fazer um retiro. Um lugar maravilhoso!”
Redes sociais
A missão do padre Paulo Dalla Dea no Santuário inclui também o trabalho nas redes sociais, pelas quais ficou responsável: Instagram, twitter, facebook, youtube.
“Aliás, preciso de jovens, que falem francês, ou não, que falem outras línguas, para me ajudar também nessas redes sociais”, pede o sacerdote.
No Altar do Cura d’Ars são celebradas Missas em várias línguas, que podem ser acompanhadas ao vido pelo facebook. A primeira Missa transmitida foi em português, celebrada na presença de um grupo de peregrinos de Florianópolis. Assim, “as redes sociais servirão para as pessoas rezarem junto com que vem, quem é peregrino, para poder rezar junto ao Altar do corpo do Cura d’Ars”.
Voluntariado na Festa do Cura D’Ars
Aproximamo-nos da Festa do Cura D’Ars, muito celebrada. E, naturalmente, está prevista uma intensa programação no Santuário a ele dedicado. Oportunidade também para voluntários que queiram mergulhar na espiritualidade desta localidade francesa:
“No mês de julho, de 17 de julho a 5 agosto, que é a festa - que vem muita gente - nós estamos recebendo jovens que falam francês, que não precisam ser franceses, podem ser de qualquer lugar do mundo, que queiram ficar aqui para trabalhar como voluntários na acolhida dos peregrinos. Nós damos o alojamento, e a alimentação, se você quiser, se você que é jovem fala francês e mais alguma outra língua, quiser vir aqui para nos ajudar na acolhida dos peregrinos, nós vamos ficar extremamente contentes. Pode ser um momento bem interessante para o jovem para fazer uma experiência de Deus e para fazer uma experiência de trabalho voluntário. E será sem dúvida, uma ajuda muito grande a nós todos aqui. De 17 de julho a 5 de agosto.”
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