A periferia é o grande capital social de Florianópolis, diz Pe. Vilson Groh
Silvonei José, Andressa Collet – Cidade do Vaticano
Em diversas partes do Brasil, a gente encontra pessoas e organizações mobilizadas por uma corrente do bem. Em Florianópolis, por exemplo, trabalha o Pe. Vilson Groh, um grande articulador que, através de pontes, elos estratégicos e da cultura do encontro pensa em saídas concretas aos problemas da população destituída de direitos. Ele é presidente de um instituto que leva o seu nome para aproximar dois mundos – o micro e o global, a periferia e o centro – com “uma relação de reciprocidade verdadeira”.
A justiça social através do Sapiens Parque
O Instituto Pe. Vilson Groh (IVG) oferece apoio técnico a oito organizações da sociedade civil que investem em políticas de assistência social, através de cursos de formação e capacitação de profissionais e voluntários, além de projetos desenvolvidos ao fortalecimento e à promoção de inclusão social e cidadania. Ao pensar em respostas criativas às organizações não-governamentais para melhorar os indicadores sociais, o sacerdote alerta que é fundamental “olhar para o micro, não descuidando do global”.
O Sapiens Parque, reconhecido em Florianópolis como o “Vale do Silício de Santa Catarina”, é uma das apostas do Instituto para projetar os jovens com mão de obra qualificada. O parque de inovação, controlado pelo Governo de Santa Catarina através de empresas pública e de economia mista, além de uma instituição de pesquisas, abriga desde 2002 empreendimentos, projetos pioneiros e iniciativas inovadoras de ciência, arte e meio ambiente para fortalecer a região. O Pe. Vilson serve de elo estratégico nesse caminho de qualificação da juventude e ao levar o mundo empresarial a compreender a realidade social das periferias, criando pontes reais de inclusão e esperança. Segundo ele, a periferia é o grande capital social de Florianópolis:
“Pra nós é interessante, porque estamos tentando, junto com um grupo de empresários que trabalham com essas questões, como se pensa uma cidade no processo da inclusão com o advento de todas essas empresas. Nosso olhar é sobre o trabalho de riqueza e pobreza, sobre um contexto de periferia na relação com o processo de inclusão."
A grande saída: investir na educação dos jovens
Além de investir em assessoria pedagógica, jurídica e de captação de recursos das organizações, com especial atenção a um complexo de 6 mil crianças, adolescentes e jovens da periferia da cidade, Pe. Vilson trabalha com as comunidades eclesiais de base e, de forma mais ampla, com as pontes: “estamos superando este ‘nós e eles’, criando perspectivas de articular saídas de investimento para a vida de uma cidade, que não é feita só de investimento financeiro e de estrutura de prédios e monumentos, mas a vida de uma cidade é feita de pessoas”.
O Pe. Vilson então toca no tema da segurança de vida em sociedade, que “só existe se há redistribuição de renda, oportunidades de trabalho e políticas públicas que funcionem”.
“Essa é a discussão que se faz com esse grande grupo de empresários e focalizando na linha da educação, um caminho alternativo à linha do narcotráfico, oferecendo um horizonte que pode chegar até a universidade. Tudo isso ligado à questão da cidade, do ‘nós e eles’, de como criar pontes e, como o diz o Papa Francisco, não erguer muros; e num contexto, não em cima de polarização ideológica, mas em cima de questões reais que precisam ser discutidas."
Quando se faz esse tipo de reflexão, ressalta Pe. Vilson, se abre realmente um processo de saída:
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