Shevchuk: os greco-católicos ucranianos testemunhas de unidade no mundo de hoje
Giada Aquilino, Silvonei José - Cidade do Vaticano
Ser "testemunhas de unidade, seja para os irmãos ortodoxos, seja para os latinos". Dessa maneira, Sua Beatitude Svjatoslav Shevchuk, arcebispo maior de Kiev-Halyč, enquadrou os frutos do Sínodo da Igreja greco-católica ucraniana que terminou nesta terça-feira em Roma sobre o tema: "Comunhão na vida e no testemunho". Em uma coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (11/09) no Palazzo Pio, (Sede da Rádio Vaticano) na véspera também do encontro dos bispos das Igrejas Católicas Orientais na Europa, o chefe da Igreja greco-católica ucraniana falou dos trabalhos realizados na presença de todos os bispos desta realidade de rito oriental no mundo, cerca de cinquenta, e dos encontros com o Papa - que em julho havia reunido no Vaticano o próprio arcebispo maior junto com os metropolitanos e os membros do Sínodo Permanente - e com os representantes da Cúria Romana.
Um momento especial, de "grande afeto", foi a visita de ontem (terça-feira) ao Papa emérito Bento XVI, no Mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano de Sua Beatitude Shevchuk acompanhado pelos metropolitanos: diante da "fragmentação" de hoje, o incitamento de Joseph Ratzinger foi precisamente aquele à unidade, informou o arcebispo maior, falando também da "preocupação" do Papa emérito pela "militarização das fronteiras no Leste Europeu".
Diversidade e riqueza
"Somos uma Igreja global" que, nestes dias em Roma, se confrontou - recordou o chefe da Igreja Católica greco-católica ucraniana - sobre "diversidade e riqueza" para fazer comunhão, com um olhar ad intra, sobre os "desafios de hoje". Solicitado pelos jornalistas, abordou o tema da crise das vocações, um "desafio para todos", que não se sente tanto na Ucrânia - Shevchuk indicou que há "5 seminários" em atividade - como "em outros países", no momento da reflexão sobre "viri probati", sobre a possibilidade de que também os leigos casados possam tornar-se sacerdotes, ainda que em condições particulares. O olhar ad extra chamou a atenção para as relações com as outras Igrejas, porque o ecumenismo "faz parte da missão" dos greco-católicos ucranianos. O olhar, quando se menciona também a questão da autocefalia, se volta para a Igreja ortodoxa que "busca a unidade": por isso Shevchuk evoca uma forma para superar a "fragmentação", a da "conciliação" numa dimensão não local - uma Igreja local que se fecha "em si mesma" se perde, observou ele - mas universal.
O conflito no Leste da Ucrânia
Assim, não menos importante, o pensamento à Ucrânia ensanguentada por mais de 5 anos de conflito em suas regiões orientais, "a maior catástrofe humanitária desde a Segunda Guerra Mundial", reitera. Uma visita de Francisco ao país, repete o arcebispo maior, como fez há alguns meses, "poderia realmente pôr fim à guerra": o Sínodo falou em Roma com o Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, tendo em conta as "condições" para realizá-la e a sensibilidade "da maior Igreja na Ucrânia, a de Moscou". A Ucrânia é um "grande país", mas "é o mais pobre da Europa", que também corre o risco de uma catástrofe ecológica precisamente por causa das armas: uma realidade, portanto, que envolve "as três sensibilidades do Papa", a dos pobres, a da defesa da Criação e da paz. Hoje "o mundo inteiro está à procura de uma solução diplomática para a guerra", assegura, porque a solução militar "não existe". "Estamos felizes", continuou, pela recente troca de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia, definida pela OTAN um passo na direção certa para a reconciliação. Como Igreja, revela, "temos colaborado em todos os níveis", trabalhando pelo "bem do povo", dos "prisioneiros de guerra", dos parentes que ficaram em casa: imploramos, concluiu, que "todos os reféns voltem para casa", porque a vida humana não é uma "mercadoria" de troca.
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