Amazónia: “Coragem de ir ao encontro dessas situações de periferia
Domingos Pinto – Lisboa
“Realmente o sínodo foca aquilo que eu vivi durante esses 9 anos nessa região onde senti, de facto, uma grande falta e necessidade de lideranças”.
O testemunho à VATICAN NEWS é do padre Jorge Brites, atual responsável da administração das revistas “Além-Mar “e “Audácia” dos combonianos em Portugal, e que entre 2008 e 2017 foi missionário no sul da Amazónia.
“Tinha 50 comunidades, um único padre”, sublinha o sacerdote português que dá o seu próprio exemplo para explicar as dificuldades no terreno e a necessidade de dar mais protagonismo e atenção ao papel da mulher na região.
No rescaldo do recente sínodo da Amazónia convocado pelo Papa Francisco, o padre Jorge Brites considera que “a igreja para ir para a frente na Amazónia precisa mesmo de mulheres preparadas e, no futuro, talvez também ordenadas diaconisas ou sacerdotes”.
“A mulher é fundamental, principalmente nessas regiões onde o homem falta muito devido também a questões profissionais e também porque é muito mais desligado na questão da fé, na participação na igreja”, explica o sacerdote que considera que “o diaconado feminino é fundamental, é o primeiro passo para tornar isso possível”.
Já sobre a situação social na Amazónia, o padre Jorge Brites diz que “não há fome”, mas “falta a saúde”, ou seja, “quase não temos médicos, não temos enfermeiros, não temos quase nada”.
O missionário português aponta também para os problemas na educação.
“Eu não conseguia ter um jovem com 15 anos para ler uma leitura na celebração do crisma”, diz o padre Jorge Brites que lembra ainda que “havia muitos alunos nas escolas que passavam 5 anos para completar um ano escolar, era a média”.
“A questão social mais ligada à questão da saúde e da educação, aí é um desastre, de fato, é uma zona esquecida”, acrescenta o sacerdote que deixa críticas ao Presidente Bolsonaro.
Ele diz que “está tudo bem, quer mostrar que está tudo bem, mas é uma hipocrisia. Aliás, a intenção mesmo é de terminar e acabar com todos esses povos”, aponta o padre Jorge Brites.
“Devemos, de fato, insistir, e estar presente, ter a coragem de ir ao encontro dessas situações de periferia”, conclui o missionário comboniano.
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