Portugal: Bispos reafirmam oposição à eutanásia
Domingos Pinto – Lisboa
O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse no passado dia 14 de novembro em Fátima que a Igreja não pretende pedir a realização de um referendo à eutanásia, mas que, a realizar-se uma consulta, participará nas iniciativas a favor do "não".
“Que a Igreja o peça diretamente, não está na nossa agenda. Agora, que o assunto seja debatido, seja aprofundado e que se tome bem consciência por parte dos legisladores do que é que está em causa, isso faremos todo o possível,” afirmou D. Manuel Clemente na conferência de imprensa no encerramento da assembleia plenária da CEP, que decorreu na última semana na Cova da Iria.
“Este tema toca-nos a todos, como seres humanos”, ultrapassando o plano da crença religiosa, disse D. Manuel Clemente que considerou que ainda há “tanto para fazer” na área dos cuidados paliativos, os quais deveriam ser a “prioridade” dos responsáveis políticos.
“Deve-se caminhar no bom sentido: acompanhar as pessoas na altura em que precisam mais de ser acompanhados”, reafirmou D. Manuel Clemente que considera que a prioridade dos cuidados paliativos, por parte do Estado, passa também pelas “famílias e os cuidadores”.
No início dos trabalhos da Assembleia Plenária, o presidente da CEP já tinha reforçado a oposição da Igreja Católica às propostas de legalização da eutanásia, citando responsáveis médicos, religiosos e da sociedade civil que partilham a perspetiva da igreja.
Neste contexto, o Cardal Patriarca de Lisboa citou a Nota Pastoral ‘Eutanásia: o que está em jogo? Contributos para um diálogo sereno e humanizador’, de 2016, na qual os bispos católicos afirmam que “nunca é absolutamente seguro que se respeita a vontade autêntica de uma pessoa que pede a eutanásia”.
O tema está de novo na agenda política em Portugal. No início da nova Legislatura, o Bloco de Esquerda apresentou um projeto-de-lei para despenalizar a prática da eutanásia, uma proposta rejeitada em 2018 na Assembleia da República.
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