"Peço somente uma coisa: rezem por nós, não nos deixem sozinhos", foi o pedido de Dom Joseph Tobji, arcebispo de Aleppo dos maronitas "Peço somente uma coisa: rezem por nós, não nos deixem sozinhos", foi o pedido de Dom Joseph Tobji, arcebispo de Aleppo dos maronitas 

"Rezem por nós, não nos deixem sozinhos", pede arcebispo de Aleppo

A fundação de direito pontifício Ajuda à Igreja que Sofre tem tido um aumento significativo no número de benfeitores e nas doações, o que tornou possível a implementação de projetos em favor da Igreja perseguida e sofredora em diversas partes do mundo, sobretudo na Síria e Iraque. Para este Natal, foi lançada uma nova iniciativa: possibilitar amigos e familiares apoiarem tantos cristãos perseguidos em todo o mundo. O arcebispo de Aleppo dos maronitas agradece as ajudas e faz um apelo.

Cidade do Vaticano

Da assistência jurídica a um cristão acusado injustamente, ao apoio a uma família de refugiados, do apoio ao trabalho de sacerdotes e religiosas ao leite em pó para pequenos cristãos sírios. Estes são apenas alguns "dons de fé" que qualquer pessoa pode realizar neste Tempo de Natal, ao invés dos tradicionais presentes. Trata-se de ações capazes de mudar a vida de algumas dezenas de milhares dos trezentos milhões de cristãos perseguidos em todo o mundo.

E isso é possível graças à nova campanha lançada nestes dias pela Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), por meio da qual a fundação do direito pontifício oferece a oportunidade de "dar aos entes queridos um presente realmente especial, o apoio aos tantos cristãos perseguidos em todo o mundo".

Em 2018, a AIS, através de suas 23 sedes nacionais e internacionais, arrecadou 111.108.825 euros para a Igreja pobre, oprimida e perseguida em todo o mundo. Tal montante, obtido graças a doações privadas dos mais de 330.000 benfeitores que a Ajuda à Igreja que Sofre tem em nível internacional, tornou possível a realização de 5.019 projetos em 139 países.

A campanha de Natal da AIS

 

No site da Ajuda à Igreja que Sofre / Itália (acs-italia.org/doni-di-fede/), é possível escolher como demonstrar concretamente a proximidade àqueles que sofrem. Para cada “dom de fé”, é possível fazer o download de um ticket com a descrição do projeto apoiado, a ser enviado ao amigo ou parente destinatário do presente.

"Por ocasião do nascimento de Jesus - disse o diretor de Ajuda à Igreja que Sofre, Alessandro Monteduro - que presente mais apropriado para nossos entes queridos do que, em nome deles, oferecer um presente a uma criança cristã no Oriente Médio?". Ou contribuir "para apoiar os estudos de jovens seminaristas que, mesmo em terras de perseguição, desejam se tornar sacerdotes?".

Vários benfeitores já aderiram à mais esta campanha de solidariedade, que também foi entusiasticamente recebida por cristãos apoiados pela AIS em todo o mundo, alguns dos quais testemunharam através de vídeos a importância da iniciativa "Dons de Fé".

Síria e Iraque beneficiados com aumento das doações

 

Em 2018, a Acs-Italia (Aiuto a Chiesa che Sofre) registrou um aumento de 22,1% nos depósitos, que alcançou 4.493.660 em comparação aos 3.679.035 euros de 2017. Outro dado significativo é o aumento no número de benfeitores italianos, que passaram de 13.012 em 2017 para 17.230 no ano passado, um aumento de 32,5%.

Foi possível realizar muitos projetos na Síria e no Iraque graças à contribuição italiana. Na Síria, as doações (531.200 euros) permitiram, entre outras coisas, comprar leite para as crianças e alimentos para os adultos em Aleppo, remédios para doentes em Homs, refeições para os numerosos refugiados cristãos.

 

No Iraque, por sua vez, os 486.300 euros doados foram usados ​​principalmente para facilitar o retorno de famílias cristãs, sacerdotes e religiosos à Planície de Nínive, devastada pelo "Estado Islâmico".

Desde o início das assim chamadas “Primaveras Árabes” em 2011, a fundação do direito pontifício realizou ações no total de 92 milhões de euros, dos quais mais de 18 somente em 2018. O apoio emergencial aos milhares de deslocados internos e refugiados, sobretudo na região do Oriente Médio, representou mais de 12% da ajuda concedida no ano passado.

Mas é particularmente significativo sublinhar o grande trabalho de reconstrução das casas de cristãos na Síria e no Iraque, o que foi possível graças à Ajuda à Igreja que Sofre. De fato, 1479 moradias de cristãos foram reconstruídas no Oriente Médio graças à intervenção da fundação. Especialmente na Síria, onde foram realizadas ações com um montante de 8.615.940 euros, um acréscimo de 2.860.000 em relação ao valor empregado em 2017.

O agradecimento do arcebispo de Aleppo dos maronitas

 

"Não temos palavras para agradecer o empenho da AIS", disse ao Osservatore Romano Dom Joseph Tobji, arcebispo de Aleppo dos maronitas, que há vários anos apoia a comunidade cristã na Síria. A fundação "nos ajuda em vários campos de ação: da construção de igrejas e de casas destruídas ou danificadas até a implementação de projetos pastorais, do envio de pacotes de alimentos à educação de jovens e a formação de médicos".

Não obstante tudo, o prelado revela estar desanimado com a forte crise econômica que afeta o país, martirizado por anos de guerra, violências e perseguição. «Neste momento, estamos com as pernas quebradas - acrescenta Tobji - e não temos mais as forças econômicas para continuar. Com o embargo de um lado e as sanções econômicas do outro, o país está se apagando pouco a pouco. Ninguém tem mais desejo de permanecer e não tem forças para continuar»

"Rezem por nós, não nos deixem sozinhos"

 

Então, o arcebispo de Alep dos maronitas lança mais um apelo desesperado à comunidade internacional: "Não deem as costas para nós. A Síria sofre. Jogos de poder estão levando nosso país para o abismo. Precisamos de ajuda. Mas façam isso antes que seja tarde demais".

Mesmo entre as mil dificuldades, as comunidades cristãs viveram o Natal com fé e da esperança. «Este também - concluiu Dom Tobji - foi um Natal marcado pela precariedade e pelo medo. Embora os tiros e bombardeios nos arredores de Aleppo não dão trégua, os cristãos continuam a ter fé. Peço somente uma coisa: rezem por nós, não nos deixem sozinhos», reitera.

(L'Osservatore Romano)

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30 dezembro 2019, 12:08