Patriarcado caldeu: Natal sóbrio e sem festas, por respeito às vítimas
Cidade do Vaticano
Nada de árvores de Natal nas igrejas e nos átrios, nada de concertos e recepções oficiais: o Natal celebrado pela Igreja caldeia no Iraque será sóbrio e sem momentos convivais públicos numa nação abalada pelos protestos e confrontos de rua que provocaram até então uma centena de mortos em todo o país, os quais continuam mesmo após a renúncia do Premier Adel Abdel Mahdi.
É o que pede o Patriarca de Babilônia dos Caldeus, cardeal Louis Raphaël I Sako, como sinal de proximidade às famílias dos mortos e dos feridos que se contam quer entre os manifestantes, quer entre as forças de segurança.
Oração pelo retorno da paz ao país inteiro
Em particular, foram anuladas as tradicionais recepções que levavam autoridades políticas e religiosas a visitar a sede do Patriarcado para a troca de felicitações com o Patriarca e seus colaboradores.
Na sede do Patriarcado se realizarão somente momentos de oração e intercessão pelas almas das vítimas e para invocar o retorno da paz ao país inteiro. O Patriarca Sako convida a converter os recursos poupados com a suspensão de organização de festas e decorações natalinas em doações em favor de orfanatos e hospitais.
Ensaio de interpretação teológica dos protestos
Dias atrás, num texto difundido também este pelo Patriarcado caldeu, o Patriarca Sako delineou inclusive uma tentativa de “interpretação teológica” das manifestações de protestos que abalam alguns países do Oriente Médio, introduzindo-a com uma evocação histórica às Teologias da libertação latino-americanas:
“A Teologia da libertação nasceu da dor e da angústia dos países da América Latina, por causa da corrupção política, administrativa e financeira presente na maior parte daqueles países”, lê-se no texto assinado pelo patriarca e cardeal Sako.
Acabar com derivas do sectarismo, exclusão e corrupção
De modo análogo, prossegue o purpurado em sua comparação, o que motiva as manifestações em andamento há quase dois meses no Iraque e Líbano, que envolvem sobretudo jovens de ambos os sexos, é o apego à pátria, o desejo de ver assegurados os “legítimos direitos humanos” e de acabar com as derivas do sectarismo, da exclusão social e da corrupção “que dominam o país desde 2003 (ano da derrubada do regime de Saddam Hussein por parte de uma coalizão internacional guiada pelos EUA, ndr).
(Fides)
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