Bolívia: tensão no início da campanha eleitoral
Patricia Ynestroza – Cidade do Vaticano
No decorrer desta semana a Bolívia celebrou o Dia do Estado Plurinacional sem Evo Morales. A celebração foi marcada por duras críticas e acusações entre Evo Morales, que se encontra na Argentina e a presidente interina Jeanine Áñez. A celebração não teve desfiles, e as ruas ficaram tomadas por militares e polícia pelo temor de possíveis enfrentamentos.
Avançar o processo democrático
Dom Ricardo Centellas, Presidente da Conferência Episcopal da Bolívia, explicou ao Vatican News que o país está passando por uma fase de transição. Está tentando “retomar a institucionalidade” segundo a Constituição Política do Estado. Segundo o bispo é algo “muito difícil porque os órgãos legislativos e judiciários não mudaram. Mudou somente o executivo”.
A transição é um tempo de reconciliação e pacificação. Dom Centellas adverte que “estão sendo feitos esforços para acordos fraternos e para erradicar o confronto e o ressentimento que dominou nos últimos 14 anos”. No país, foi iniciada a campanha eleitoral, que pretende seguir avançando o processo democrático.
Porém esclarece Dom Centellas, “o mais importante não são as eleições, mas estabelecer um acordo geral em todo o país que leve ao desenvolvimento integral de todos os bolivianos. Ter um projeto comum, de modo que se governe com políticas de estado e não com apoio político, além disso com pessoas preparadas para governar e não com oportunistas que buscam apenas benefício pessoal e garantir emprego a seus familiares por gerações. Fazendo assim, aprofundam o fosso entre poucos ricos e a grande maioria do povo pobre para sempre”.
Manifestações e desafios
Dom Aurelio Pesoa, bispo auxiliar de La Paz e Secretário-Geral da Conferência Episcopal da Bolívia, afirmou que “a situação no país está muito tensa”, vive-se assim desde novembro, “nos últimos dias foram realizadas manifestações após a nova lei que foi aprovada, prolongando a continuidade da Presidente e também do Parlamento boliviano que quer levar adiante o processo de novas eleições.
“A Igreja Católica, a Conferência Episcopal da Bolívia - continua Dom Aurelio – teve um papel muito importante na pacificação do país, através da Comissão da CEB para buscar o diálogo entre os grupos políticos, os grupos da sociedade boliviana, através do chamado ao diálogo, unindo as partes. Este trabalho – detalhou Dom Aurelio – tem sido realizado em colaboração e coordenação com a Comissão Internacional de Embaixadores, com a ONU e a OEA”. “Para a Conferência Episcopal, o desafio é continuar com este trabalho, o desafio é que nos mantenhamos em alerta, tentando resolver as dificuldades na medida do possível. Todavia não concluímos completamente o compromisso com a pacificação e a facilitação do diálogo. Seguimos adiante com este desafio. Certamente não será um trabalho tão intenso como no princípio, mas devemos estar atentos.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui