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Coluna quando havia sido derrubada em 1918 Coluna quando havia sido derrubada em 1918 

Coluna mariana retorna à Cidade Velha de Praga

Depois de 30 anos de controvérsias e a negativa do Conselho da Cidade, a imagem da Virgem, no alto de uma coluna, retornará ao centro histórico da capital tcheca. Para o cardeal Dukas, será um símbolo de reconciliação e cooperação ecumênica das Igrejas cristãs na República Tcheca.

Alina Tufani – Cidade do Vaticano

“Acompanho a construção da Coluna Mariana que começou hoje com a oração!”,  anunciou na segunda-feira, 17, em sua conta no Twitter o cardeal Dominik Duka, arcebispo de Praga, comemorando o início dos trabalhos prévios à construção do monumento. O post do cardeal mostra a foto da área da praça onde, pela manhã, um grupo de trabalhadores municipais isolou uma área de 7,5 x 7,5 m² e começou a remover os paralelepípedos, o que permitirá o devido estudo arqueológico antes da construção.

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Da controvérsia à reconciliação

 

Desde 1989, após a queda da União Soviética, a restituição da imagem mariana à Praça da Cidade Velha de Praga tem sido objeto de duras controvérsias, encerradas em 23 de janeiro, quando a maioria dos vereadores aprovou o projeto várias vezes apresentado pela Sociedade para a Renovação da Coluna Mariana e apoiado pela arquidiocese e pelo cardeal Duka.

De fato, no dia em que o prefeito de Praga finalmente aprovou a moção, o cardeal Duka publicou um tweet de agradecimento à cidade: “Gostaria de expressar minha gratidão ao Conselho da Cidade de Praga por sua decisão. Essa coluna mariana será erguida como um símbolo de reconciliação e cooperação ecumênica das Igrejas cristãs na República Tcheca e também como uma demonstração de respeito pela Mãe de Jesus Cristo.”

Tweet do cardeal Dukas mostra início dos trabalhos
Tweet do cardeal Dukas mostra início dos trabalhos

As duas faces do monumento

 

Embora na última sexta-feira, alguns meios de comunicação tenham anunciado o início dos trabalhos a partir da segunda-feira, a notícia, como sempre, foi tomada com cautela, pois, em várias ocasiões, a disputa em andamento entre aqueles que veem a coluna como Símbolo da vitória dos católicos sobre os suecos - protestantes e aqueles que a identificam com o domínio da Monarquia dos Habsburgo – o havia levado à anulação de qualquer tentativa de restituir o monumento ao seu local de origem.

A coluna é uma realização do escultor tcheco mais representativo do barroco Jan Jiří Bendl, em 1650, por ordem do rei Fernando III em ação de graças pela vitória sobre as tropas suecas e protestantes durante a Guerra dos Trinta Anos. Porém, no século XIX, a corrente nacionalista tcheca que se considerava herdeira do movimento protestante hussita, identificava a coluna mariana como submissão ao Império Austro-Húngaro e, portanto, ao catolicismo.

Assim, seis dias após a criação da Tchecoslováquia, em 3 de novembro de 1918, em meio a um comício político de trabalhadores e organizações socialistas no país, uma multidão de manifestantes derrubou o monumento. Desde então, os escassos restos de uma das colunas marianas mais antigas e famosas da Europa foram depositados no lapidário do Museu Nacional, onde estão ainda hoje.

Local onde ficará a Coluna tendo ao alto a imagem da Imaculada Conceição
Local onde ficará a Coluna tendo ao alto a imagem da Imaculada Conceição

No outono, a inauguração

 

A réplica, feita pelo escultor Petr Váňa, permaneceu por alguns anos no porão de um navio ancorado às margens do rio Vltava. O artista começou a trabalhar na cópia em 2008, e a última tentativa da Associação para instalá-la foi em 2015, quando escavou na praça com uma pá mecânica que foi imediatamente bloqueada pela polícia municipal. Como a original, a estrutura tem cerca de 14 metros de altura e no topo está a imagem da Imaculada Conceição com o dragão derrotado sob seus pés.

Enquanto isso, o estudo arqueológico tenta alcançar as placas da base original, que deve estar cerca de 48 centímetros abaixo da superfície atual. Váňa explicou à televisão checa (CTV) que eles poderiam encontrar uma primeira pedra original de 1650, sob a qual deveria haver uma placa de fundação. Segundo o artista, a construção deve começar depois da Páscoa e estar pronta em meados de setembro.

Nem vitórias nem derrotas

 

Para alguns, a restituição do monumento mariano à Praça da Cidade Velha pode ser um teste de tolerância e respeito pelos valores e crenças de cada cidadão da nação. Além disso, leva-se em conta que, por três anos, desde 1915, compartilhou o mesmo terreno sem controvérsia com o majestoso monumento ao teólogo e escritor da Idade Média, Jan Hus, um dos precursores da Reforma Protestante. Para outros, a imagem mariana será um símbolo de polarização, embora talvez possa motivar reconciliação e perdão ou simplesmente lembrar uma passagem na história tcheca que não será apagada pela ausência ou presença de um monumento.

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19 fevereiro 2020, 13:48