Igreja de São Paulo: comissão para proteção de menores entra em vigor no domingo
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
Uma comissão para a proteção de menores e vulneráveis contra abusos sexuais da Arquidiocese de São Paulo vai começar a atuar a partir deste domingo (8). O novo organismo da Igreja do Brasil, instituído em 26 de fevereiro, tem o objetivo de aplicar as recentes diretrizes do Vaticano para a prevenção e o combate aos abusos sexuais contra menores e vulneráveis cometidos por clérigos e religiosos. As normas constam no Motu Proprio, “Vos estis lux mundi – Vocês são a luz do mundo”, um documento legislativo promulgado pelo Papa Francisco em maio de 2019.
Comissão é apresentada em coletiva de imprensa
Na quinta-feira (5), na Cúria Metropolitana, o arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Scherer, apresentou a criação da Comissão local que, entre várias motivações, pretende “fortalecer a vigilância para que os casos cometidos por clérigos e religiosos sejam eficazmente esclarecidos e superados”. O prelado também deu detalhes de como vai funcionar o novo organismo, ao seguir um decreto e regulamento próprios, já publicados e disponíveis no site da Arquidiocese, que estabelecem as competências e os vários aspectos de trabalho.
Dom Odilo acrescentou que a Comissão terá o papel de uma ouvidoria, já que vai “acolher as pessoas, ouvir, tentar caracterizar a denúncia e fazer um primeiro discernimento sobre os fatos e situações relatadas. Ela não será um tribunal nem emitirá sentenças. Esse trabalho, se for o caso, será feito pelo Tribunal Eclesiástico, nas suas diversas instâncias”. A Comissão será coordenada pelo Pe. Ricardo Cardoso Anacleto, doutor em Direito Canônico, e composta por padres, diáconos, religiosos e leigos, com formação em Filosofia, Teologia, Direito Canônico e Civil, Psicologia e outras áreas de formação.
O arcebispo também recordou, como reporta o jornal da Arquidiocese “O São Paulo”, que há muitos anos esses escândalos têm vindo à tona e causam um enorme mal, em primeiro lugar, às vítimas, como também à própria Igreja e à credibilidade da sua pregação:
O empenho da Igreja no Brasil
Pelas novas diretrizes do Motu Proprio, o Papa Francisco determina que, até junho de 2020, todas as dioceses do mundo e instituições equiparadas a elas instituam organismos estáveis e acessíveis, encarregados de prevenir tais abusos e de receber eventuais denúncias a respeito.
Nesse sentido, Dom Odilo esclareceu que cada Igreja local está buscando corresponder a essa disposição pontifícia, segundo suas realidades específicas. No caso da Arquidiocese de São Paulo, foi decidida a criação dessa Comissão para justamente aplicar integralmente o que dispõe o Motu Proprio.
“Sabemos que um grande número de abusos sexuais não acontece no âmbito dos clérigos. Nós, aqui, tentamos assumir as nossas responsabilidades”, enfatizou Dom Odilo, reconhecendo que nem sempre é fácil investigar as denúncias, já que nem sempre são fatos comprováveis ou verificáveis, uma vez que acontecem no âmbito da intimidade das pessoas envolvidas. “Porém, existe o esforço para se chegar aos fatos”, finalizou o arcebispo de São Paulo.
Colaboração: O São Paulo, jornal semanal da Arquidiocese de SP
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