Apelo dos bispos europeus pelos refugiados: dignidade humana não está em quarentena
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
A Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (Comece), através do presidente e arcebispo de Luxemburgo, o cardeal Jean-Claude Hollerich, convida a mostrar generosidade e a aceitar a transferência dos requerentes de asilo das ilhas gregas – onde estão atualmente – em direção a vários países europeus. Uma solicitação para reduzir ao mínimo o risco de infecção de coronavírus nos campos de refugiados e para fornecer um tratamento de saúde adequado àqueles que, por outro lado, já foram afetados pelo vírus.
É preciso enxergar além das nossas casas
Em declaração ao site da Comece da última quinta-feira (16), o cardeal disse: “estamos nas nossas casas, assustados. Penso também aos mais vulneráveis: como deve se sentir quem está nos campos, que não tem nada, nem mesmo os remédios”. O próprio Centro Europeu pela Prevenção e o Controle de Doenças já advertiu que os indivíduos mais indefesos, como os migrantes privados de documentos, terão necessidade de um suporte complementar.
A pandemia do Covid-19 tem impactado as sociedades de todo o mundo, mas principalmente as populações vulneráveis, entre as quais, dos refugiados que vivem em centros de acolhimento e assentamentos superpovoados, com acesso limitado ou até inexistente aos serviços de saúde adequados. Considerando as consequências letais de uma epidemia nesses campos, organizações, como a Caritas Europa, acolheram favoravelmente a transferência de 12 crianças não-acompanhadas, requerentes de asilo, da Grécia a Luxemburgo, solicitando mais iniciativas do gênero para outras crianças e suas famílias. No final de semana, outros 50 menores foram transferidos para a Alemanha.
O maior campo de refugiados da Grécia
A Comece enfatiza sobre a necessidade de transferir os requerentes de asilo das ilhas gregas porque a situação é particularmente dramática: cerca de 20 mil pessoas estão instaladas no “campo-prisão” de Moira, na ilha de Lesbos, o maior da Grécia, onde as estruturas são projetadas para receber somente três mil pessoas. Os bispos recordam, enfim, a importância de respeitar as obrigações jurídicas internacionais dos requerentes de asilo e das suas famílias e encorajam os Estados-membros da União Europeia a mostrar solidariedade, em especial, neste contexto de pandemia.
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