Fase 2 da quarentena na Itália com missas sem fiéis: bispos são contra a decisão
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
Neste domingo (26), dia em que a Itália registrou o menor número de novas mortes em mais de 40 dias de isolamento domiciliar obrigatório, isto é, 260 vítimas em 24 horas, o primeiro-ministro também anunciou os detalhes da Fase 2 da quarentena no país. Em coletiva de imprensa transmitida em rede nacional, Giuseppe Conte apresentou o plano de flexibilização de algumas normas para continuar combatendo o Covid-19 a partir de 4 de maio, entre elas: a reabertura de fábricas e parques, além da permissão para funerais – desde que continue o respeito às medidas de segurança.
Direto da sede do governo italiano, no Palácio Chigi, Conte pediu para a população seguir “mantendo distância” nesta segunda fase, “agora tendo a convivência com o vírus”. O plano, elaborado por especialistas da área de saúde, permite a realização de cerimônias fúnebres para se despedir de entes queridos, com a presença de no máximo 15 pessoas e com máscaras; mas ainda não permite missas com a participação dos fiéis.
A posição da CEI
A Conferência Episcopal da Itália (CEI), depois do anúncio do novo plano do governo, se posicionou contra a decisão de não retomar a realização das missas com a presença dos fiéis: “não podemos aceitar de ver comprometido o exercício da liberdade de culto”, afirmam os bispos em nota pública. “Deveria ser claro a todos que o empenho ao serviço em benefício aos pobres, tão significativo nesta emergência, nasce de uma fé que deve poder se nutrir na fonte, particularmente na vida sacramental”, enfatizam os bispos.
A nota explica que, depois de semanas de negociação, em que a CEI apresentou orientações e protocolos para enfrentar a fase transitória, em pleno respeito de todas as normas sanitárias, o novo decreto “exclui arbitrariamente a possibilidade de celebrar a missa com o povo”. Dirigindo-se à presidência do Conselho de Ministros e ao Comitê técnico-científico, os bispos alertam para “o dever de distinguir entre a responsabilidade deles – de dar indicações precisas de caráter sanitário – e aquela da Igreja, chamada a organizar a vida da comunidade cristã, no respeito das medidas dispostas, mas na plenitude da própria autonomia”.
No texto, a CEI lembra ainda que a ministra dos Assuntos Internos, Luciana Lamorgese, tinha afirmado ao jornal italiano católico Avvenire, que o governo estaria estudando “novas medidas para consentir o maior exercício da liberdade de culto”. A afirmação é de 23 de abril depois de uma reunião entre a secretaria geral da CEI, o Ministério dos Assuntos Internos e própria Presidência do Conselho: “um diálogo, no qual a Igreja tinha aceitado, com sofrimento e senso de responsabilidade, as limitações do governo, assumidas para enfrentar a emergência sanitária”.
Ainda nesse encontro, especificam os bispos italianos na nota pública, a CEI tinha enfatizado mais de uma vez, “de maneira explícita”, que, ao reduzir as limitações, “a Igreja exige de poder retomar a sua ação pastoral”.
Nota da Presidência do Conselho de Ministros
Depois do comunicado público dos bispos, a Presidência do Conselho de Ministros se posicionou novamente, confirmando o que foi antecipado por Giuseppe Conte. Além disso, afirmou que: “já nos próximos dias será estudado um protocolo que permita o quanto antes a participação dos fiéis às celebrações litúrgicas em condições de máxima segurança”.
O país vive a quarentena obrigatória que proíbe qualquer tipo de atividade pública, por causa da aglomeração de pessoas, desde 10 de março. Na coletiva de imprensa, o primeiro-ministro anunciou ainda que as escolas serão reabertas apenas em setembro, quando normalmente começa o ano letivo na Itália.
Os números do Covid-19
No último balanço da Defesa Civil, divulgado no final da tarde deste domingo (26), o país tem 106.103 casos testados positivos para o Covid-19 (número que desconta curados e mortos) e 26.644 que faleceram vítimas da doença.
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