Há 70 anos, Eslováquia testemunhava a supressão das Ordens religiosas pelo totalitarismo ateu
Vatican News
"Somos agradecidos a Deus por ter dado a graça a muitos de testemunhar com fé a fé com sua fidelidade". É o que escreve no site Vida Religiosa Dom Viliam Judák, presidente do Conselho de História da Conferência Episcopal Eslovaca e bispo de Nitra, recordando a terrível noite entre 13 e 14 de abril de 1950, conhecida como "a noite dos bárbaros", quando na Tchecoslováquia as forças de segurança do regime comunista invadiram 56 mosteiros masculinos de 11 Ordens religiosas, prendendo 881 pessoas.
A operação, conhecida com o codinome "Ação K" (Akcia kláštory), visava liquidar ordens monásticas, fechar os conventos e internar monges internos, a fim de eliminar qualquer evidência visível de práticas religiosas. Era o resultado da ideologia totalitária e do governo comunista que se opôs a todas as religiões e apoiou o ateísmo de Estado.
Para o prelado, as consequências provocadas há 70 anos pela abolição das Ordens religiosas não podem ser quantificadas espiritualmente e esse "martirológio do nosso tempo" não pode ficar oculto, porque é um testemunho de Cristo vivo em sua Igreja.
O arcebispo Judák ressalta que o triste aniversário da violenta abolição das comunidades religiosas recorda o quão grande pode ser a maldade humana, mas também testemunha o amor e o poder de Deus.
O prelado lembra que, para eliminar a vida religiosa na Tchecoslováquia, foram pensadas duas fases. A primeira - da primavera de 1948 ao outono de 1949 - deveria reduzir substancialmente a influência das Ordens religiosas, com uma diminuição de seu número e uma definição rigorosa de suas atividades, que não deveriam estar em conflito com a política do Partido Comunista. A segunda - do outono de 1949 até o final da década de 1960 - deveria levar à destruição das Ordens religiosas.
Na época, no território da atual Eslováquia, havia 16 Ordens religiosas masculinas em 96 mosteiros, para um total de 1019 religiosos e 4253 religiosas distribuídas em 24 Ordens, em 168 mosteiros.
Na noite de 13 de abril de 70 anos atrás, conta Dom Judák, centenas de religiosos foram forçados a reunir o mínimo necessário e confinados a cinco mosteiros para que fossem "reeducados" para o "desenvolvimento popular democrático pacífico" na Tchecoslováquia.
Gradualmente, outros religiosos foram internados e submetidos a violência psicológica e física para que abandonassem suas Ordens. Muitos foram sentenciados e presos.
No final de 1952, praticamente não havia mais monges na Eslováquia. Também as Ordens femininas tiveram a mesma sorte, mas a grande maioria das religiosas permaneceu fiel à profissão.
Durante séculos, vários mosteiros na Eslováquia foram portadores da cultura espiritual e material. Sua bárbara destruição resultou na perda de um grande número de livros raros e preciosas obras de arte.
Trata-se de danos consideráveis, espirituais e materiais, conclui o bispo de Nitra, mas também há frutos resultantes dos testemunhos de fé que muitos ofereceram.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui