Organizações cristãs: racismo e desigualdade são ameaças para a humanidade
Vatican News
“Precisamos reconhecer a presença de Deus em cada homem e em cada mulher”: assim se expressa o secretário geral da Conferência Cristã da Ásia (CCA), Mathews George Chunakara, na declaração Racismo e desigualdade em qualquer lugar do mundo são ameaças à humanidade, publicada em 16 de junho.
Com esse texto, a Conferência Cristã da Ásia quer oferecer uma contribuição para a construção de uma sociedade que não somente rejeite toda e qualquer forma de racismo, mas saiba viver os valores cristãos do acolhimento.
Homicídios de dois afro-americanos não foram casos isolados
Segundo Chunakara, “as atrocidades cometidas nos EUA contra os afro-americanos e as outras comunidades marginalizadas por parte da polícia, que continua agindo como se gozasse da impunidade, geram alarme e criam preocupação” no mundo inteiro.
Os recentes homicídios de dois afro-americanos George Floyd, em Minneapolis, e Rayshard Brooks, em Atalanta, não podem ser considerados dois casos isolados e por isso mesmo desencadearam uma onda de protestos “contra a desigualdade social, a brutalidade da polícia, o racismo, o privilégio branco, o crescimento do fascismo”.
Reações mostram força da cultura que rejeita a violência
Tais protestos manifestaram toda a frustração daqueles que são vítimas dessas violências e daqueles que as combatem sem conseguir removê-las da sociedade, tanto assim que nos EUA se verificam formas modernas de escravidão, como o recurso à detenção em massa.
Os dois delitos provocaram reações em muitos lugares do planeta mostrando a força da cultura que rejeita a violência e considera que a opressão econômica e a repressão política não podem ter espaço numa democracia.
Racismo constitui ofensa ao Deus criador
Os cristãos devem recordar que “aqueles que cometem violência contra outras pessoas por causa da cor da sua pele estão atingindo Deus que criou todos os seres humanos à sua imagem”.
Os cristãos devem esforçar-se para ajudar todos a reconhecer a presença de Deus em cada criatura e por isso se deve respeitar a dignidade e a integridade de todo homem e de toda mulher independentemente da cor da pele, da etnia, do status social e da nação de proveniência.
O racismo é contrário ao cristianismo
A Conferência Cristã da Ásia se une àqueles que pedem para reforçar o compromisso ecumênico contra o racismo a fim de testemunhar a profunda unidade que deve guiar os cristãos, sobretudo neste tempo de pandemia, contra toda e qualquer forma de violência.
Nas últimas semanas, após os homicídios de Floyd e Brooks, se multiplicaram as declarações dos organismos ecumênicos para condenar toda forma de racismo, porque contrário ao cristianismo, bem como as iniciativas públicas para favorecer a reconciliação.
Racismo jamais pode encontrar justificação religiosa
Do Conselho nacional das Igrejas cristãs dos EUA, do Conselho das Igrejas canadenses ao Conselho das Igrejas do Brasil até a Conferência Cristã da Ásia – somente para citar alguns dos organismos ecumênicos internacionais que se pronunciaram –, os cristãos quiseram expressar, mais uma vez, que o racismo não pode de modo algum encontrar uma justificação religiosa.
Trata-se de um tema – o combate ao racismo – sobre o qual há anos os organismos ecumênicos se encontram na linha de frente em defesa do valor da igualdade de homens e mulheres, em obediência à Palavra de Deus.
Cristãos testemunhem juntos respeito de todos por todos
Contudo, apesar desse empenho cotidiano, manifestado em muitos projetos e iniciativas locais, ainda há muito a ser feito, em particular num tempo no qual, por causa da difusão da pandemia, medo e solidão, parecem alimentar novas violências e discriminações.
O pronunciamento da Conferência Cristã da Ásia, que tem sua sede em Chiang Mai, na Tailândia – no Sudeste Asiático –, é assim um convite dirigido aos cristãos a fim de testemunhar juntos que o respeito de todos por todos deve ser o caminho privilegiado para promover uma mudança na sociedade de modo a rejeitar toda e qualquer forma de racismo em nome do amor de Cristo.
(L’Osservatore Romano)
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