"Não basta o isolamento vertical, senão damos conforto, consolação e ternura aos nossos idosos." "Não basta o isolamento vertical, senão damos conforto, consolação e ternura aos nossos idosos." 

Julho, mês de nossos pais e mestres espirituais: os idosos

Que o Senhor de todas as gerações e idades, preserve a vida e saúde de nossos amados idosos. Deus seja louvado!

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo Diocesano de Campos

Nesta segunda fase do combate ao COVID 19, com a abertura gradual de muitas atividades, inclusive as celebrativas, aplica-se o isolamento vertical. Recomenda-se aos idosos e demais integrantes do grupo de risco que fiquem em casa, que participem das Missas transmitidas pela mídia. Não deixa de ser uma orientação prudente, cautelosa e eficiente para controlar riscos.

No entanto, a Igreja, como comunidade de fé, assembléia litúrgica, perde muito com este distanciamento físico. A Igreja, como Povo de Deus e família dos filhos de Deus, sente muito este afastamento que, embora temporal, nos empobrece e limita na fraternidade e convivência espiritual e sacramental. A Igreja prolonga a encarnação de Cristo na história, sendo, como afirma São Paulo, o Corpo de Cristo, esta ausência, por razões sanitárias, nos debilita.

É verdade que a comunhão espiritual e a oração superam, certamente, distâncias e comunicam e fazem circular graças e bênçãos, no entanto, para os idosos, resulta em provação e sofrimento. É importante que, tanto para Viktor Frankl como para Aaron Antonovsky, a salutogênese, geração de saúde, depende da percepção do sentido e significado da vida que, nas observações feitas em campos de concentração, confirma que essa coerência espiritual determinava a resistência e a vitória. Digo isto, porque não basta o isolamento vertical, senão damos conforto, consolação e ternura aos nossos idosos.

Por outra parte, sem oportunismo leviano, nós precisamos dos idosos para sair da pandemia, pois eles, com a sua sabedoria (sabor de viver), nos ensinam a sermos simples, essenciais, enraizados na história e na terra, guardiães da Casa Comum e das tradições espirituais e rituais mais profundas. Um mundo sem idosos adoece, fica febril, correndo fora dos trilhos para a autodestruição. Pensemos em como podemos preservar espaços de troca, comunicação e celebração sem colocá-los em risco. Que o Senhor de todas as gerações e idades, preserve a vida e saúde de nossos amados idosos. Deus seja louvado!

 

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09 julho 2020, 08:34