Artigo: Luta sem tréguas
Dom Fernando Arêas Rifan*
Celebrou-se a Semana Nacional sobre Drogas no final de junho. Mas, como se trata de um inimigo constante, há que sempre se voltar a essa questão. Já em 1984, o Papa São João Paulo II lançava um veemente apelo ao mundo: “A droga é um mal e ao mal não se dá trégua. A Igreja, que quer atuar – e é o seu próprio dever – na sociedade como fermento evangélico, está e continuará sempre junto dos que enfrentam com responsável dedicação a praga social da droga e do alcoolismo, para encorajá-los e sustentá-los com a palavra e a graça de Cristo. A Igreja, em nome de Cristo, propõe como resposta e como alternativa a Terapia do Amor.”
E o mesmo Papa continua: “Infelizmente, devemos constatar que hoje em dia este fenômeno atinge todos os ambientes e todas as regiões do mundo. Cada vez mais crianças e adolescentes se tornam consumidores de produtos tóxicos, com frequência em virtude de uma primeira experiência realizada com leviandade ou por desafio. Os pais e os educadores são frequentemente despreparados e desencorajados... Deve-se reconhecer que a repressão contra os consumidores de produtos ilícitos não é suficiente para conter o flagelo...”
“Determinadas correntes de opinião propõem legalizar a produção e o comércio de certas drogas. Algumas autoridades estão prontas a deixar que isto se faça, procurando simplesmente enquadrar o consumo da droga para tentar controlar os seus efeitos. O resultado disto é que desde o período escolar se banaliza o uso de determinadas drogas; tal situação é favorecida pela proposta que procura minimizar os seus perigos, especialmente graças à distinção entre drogas leves e pesadas, o que conduz a propostas de liberalização do uso de certas substâncias. Tal distinção negligencia e atenua os riscos inerentes a qualquer uso de produtos tóxicos, em especial os comportamentos de dependência, que tem como base as mesmas estruturas psíquicas, a atenuação da consciência e a alienação da vontade e da liberdade pessoais, qualquer que seja a droga em questão”.
Esse apelo do Papa deu origem à Pastoral da Sobriedade, que é uma ação concreta da Igreja Católica, como resposta a essa problemática social: a dependência química. Essa ação pastoral conjunta da Igreja, usando a terapia de grupo, “com mais de 1.400 grupos de autoajuda no Brasil, tem sido uma das respostas concretas na Prevenção e Recuperação, com uma ação missionária junto às famílias que sofrem em decorrência do uso de álcool e outras drogas”, como explica a coordenadora nacional, Denise Ferreira de Souza Ribeiro. Considerando que 25% da população brasileira está, direta ou indiretamente, ligada ao fenômeno das drogas, incluindo os dependentes e codependentes, membros da família e amigos, a Pastoral da Sobriedade, como uma atuação especial diante desse problema, vem prestando, nesse setor, imenso benefício à sociedade, como ação concreta na prevenção e recuperação da dependência química.
Como Bispo referencial dessa Pastoral no Estado do Rio de Janeiro, desejo que se institua em todas as cidades e paróquias essa benéfica instituição da Igreja.
*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
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