Festa de Santa Margarida no Vêneto: peregrinação de 50 Km a pé resgata tradição alemã
Andressa Collet - Vatican News
Sobre as montanhas de Asiago, no Vêneto, vestindo trajes típicos e para preservar uma antiga tradição cimbriana, que remonta ao ano de 1272, católicos das comunidades de Recoaro Terme e de Rotzo estão se preparando para uma peregrinação neste final de semana. O momento de oração e fé também vai recordar o martírio e homenagear Santa Margarida, já que a festa litúrgica da jovem, que morreu no ano de 290, aos 15 anos, é na próxima segunda-feira, dia 20 de julho. Os cimbrianos são devotos de Santa Margarida pelo exemplo de extraordinária determinação e coragem demonstrados durante a perseguição e no seu martírio.
O retorno à tradição católica cimbriana
Para entender as origens da peregrinação, é preciso saber que durante o século XIII, aquela região italiana de Recoaro foi habitada por uma colônia de cimbrianos, uma antiga população alemã com origem em Chersoneso Cimbrico. Com o decorrer dos anos e da própria história que fez crescer a cidade, a tradição sofreu em favor das outras culturas dominantes, isto é, a vêneta e a italiana.
Hoje, o idioma dos cimbrianos, por exemplo, é protegido, em nível internacional, pela adesão da Itália às convenções do Conselho da Europa para a proteção das minorias, através da “Carta Europeia das línguas regionais ou minoritárias” e da “Convenção-quadro para a proteção das minorias nacionais”.
Já a tradição religiosa está sendo resgatada anualmente pelo Grupo Cimbriano de Recoaro Terme, durante a Festa de Santa Margarida, quando uma vela é doada aos vizinhos da pequena cidade Rotzo, na mesma província de Vicenza. A fundadora do grupo, Monica Nuvola, conta sobre a peregrinação que acontece há 4 anos na região:
“A tradição de levar a vela à Igreja-mãe de Rotzo nasce em 1270 e dura até 1545. Nós, do grupo Cimbriano de Recoaro Terme, retomamos em 2017 como manda a tradição: com peregrinação. Para nós é importante conservar essas tradições, seja pelas raízes pelas quais somos provenientes, seja porque nos permitem de criar uma ligação forte com as outras comunidades cimbrianas – neste caso, a comunidade de Rotzo.”
A vela cimbriana
A grande vela mede cerca de 87 cm, pesa 3,5 Kg e foi feita como manda a tradição: com a cera dos apicultores de Recoaro. Durante toda a semana ela está exposta na igreja local antes de partir em peregrinação para que a comunidade possa fazer as suas orações e, inclusive, sentir o seu perfume.
A Festa de Santa Margarida
Durante a tarde deste sábado (18), a vela será abençoada na igreja de Rovegliana para, no domingo (19), às 7h na hora local, partir em peregrinação a Rotzo num percorso de 50 Km feito a pé. A vela, como lembram os organizadores, é levada nas costas, mas a comunidade também participa indo de carro e nos ônibus.
Já na manhã de segunda-feira (20), dia de Santa Margarida, o último, breve e sugestivo trajeto de 25 minutos pelos campos da região conduzem a vela ao destino final, isto é, à igreja em homenagem à jovem mártir, que também é o templo sagrado mais antigo daquela região (datado do ano de 1100). Às 10h30 está marcada a celebração eucarística com a presença de todos os sacerdotes nativos de Rotzo e também daqueles que atuam na região. A missa é tradicionalmente animada com cantos no idioma cimbriano.
A peregrinação, além de ser um sinal de amizade secular entre as comunidades, nasce como uma forma de contribuir com a valorização e a visibilidade à tradição cimbriana para integrar as comemorações à Festa de Santa Margarida.
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